Arquivo mensal: Setembro 2015

Parabéns

Parabéns à Sofia que no passado domingo fez 20 anos. 8 dos quais também passados connosco. Viva a Sofia!

aqui no lago atrás da Basílica da Sagrada Família em Barcelona

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aqui em Rocamadour

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e aqui ao lado de São Tiago em Bilbao

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Luto

Para a Susana, a Diana e a Cristina, nesta hora de dor, o nosso abraço fraterno…

Eu sei que o meu Redentor vive
e no fim prevalecerá sobre o pó da terra.
Eu mesmo O verei,
os meus olhos e não outros O hão-de contemplar.
Job 19, 25

em sinal de amizade deixamos aqui algumas fotos de alegres momentos que partilhámos convosco…

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Abre-te!

Meditação sobre o Evangelho de DomingoIMG_5841 (1280x960)

Ermes Ronchi in “Avvenire”, trad.: Rui Jorge Martins, Pastoral da Cultura

«Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-lhe que impusesse as mãos sobre ele.
Jesus, afastando-se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Efatá», que quer dizer «Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar corretamente.
Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem». (Marcos 7, 31-37, Evangelho do 23.º Domingo do Tempo Comum, 6.9.2015)

O percurso traçado por Marcos é muito significativo: com um longo desvio, Jesus escolhe um itinerário que junta cidade e territórios estranhos à tradição religiosa de Israel; percorre as fronteiras da Galileia, à procura daquela parte comum a cada ser humano que vem antes de cada fronteira, de cada divisão política, cultural, religiosa, racial.

Escrevo estas palavras da Mongólia, de uma pequena e muito jovem igreja em Arvaheer, onde elas ressoam, verdadeiras; onde, na fé nascente das origens, senti que Jesus é verdadeiro homem sem confins, que Ele é o rosto alto e puro do homem, e que para o cristão cada terra estrangeira é pátria.

Levam-lhe um surdo-mudo. Um homem aprisionado no silêncio, vida a metade, mas “levado” por uma pequena comunidade de pessoas que lhe querem bem daquele que é Palavra e libertação, que fala como ninguém, que é o homem mais livre que passou pela Terra. E pedem para lhe impor as mãos. Mas Jesus faz muito mais do que lhe é pedido; não lhe basta impor as mãos num gesto hierático, quer mostrar a humanidade e o excesso, a sobreabundância da resposta de Deus. Então Jesus toma-o à parte, longe da multidão. À parte porque agora só conta aquele homem atingido pela vida. Imagino Jesus e o surdo-mudo olhos nos olhos, que começam a comunicar assim. E seguem-se gestos muito corporais e, ao mesmo tempo, muito delicados: Jesus põe os dedos sobre os ouvidos do surdo. Segundo momento da comunicação, o toque dos dedos, as mãos falam sem palavras. Depois, com a saliva toca a sua língua. Gesto íntimo, envolvente: dou-te alguma coisa de meu, alguma coisa que está na boca do homem juntamente com a respiração e a palavra, símbolos do Espírito. Evangelho de contactos, de odores, de sabores. O contacto físico não desagradava a Jesus. E os corpos tornam-se lugar santo de encontro com o Senhor.

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Jesus, olhando então para o céu, emite um suspiro e diz-lhe: “Efatá”, isto é, abre-te! Em aramaico, no dialeto de casa, na língua do coração, quase soprando o hálito da criação: abre-te, como se abre uma porta ao hóspede, uma janela ao sol. Abre-te das tuas clausuras, liberta a beleza e as potencialidades que estão em ti. Abre-te aos outros e a Deus, mesmo com as tuas feridas. E logo se lhe abriram os ouvidos, desfez-se o nó da sua língua e falava corretamente. Primeiro os ouvidos. É um símbolo eloquente. Sabe falar só quem sabe escutar. Os outros erguem barreiras quando falam, e não encontram ninguém.

Jesus não cura os doentes para que se tornem crentes ou o passem a seguir, mas para criar homens livres, curados, plenos. «A glória de Deus é o homem vivente» (Santo Ireneu), o homem que volta à plenitude de vida.