Arquivo mensal: Setembro 2016
Avancemos
pe. Tomás Halík, O meu Deus é um Deus ferido
A nossa fé na ressurreição de Cristo baseia-se no depoimento e na atestação das testemunhas, em cuja fileira somos inseridos e convidados, mediante a fé e pela própria graça; tratou-se e trata-se, aqui, não de “testemunhas” oculares (não houve tais testemunhas para o evento da ressurreição), mas dos que estiveram prontos a testemunhar, com a sua vida, que Jesus não pertence apenas ao passado, e que também nós podemos relacionar-nos com Ele como nosso futuro, e que, em cada momento atual, podemos mostrar que também para nós, em nós e por meio de nós, Ele está presente no mundo e está vivo.
No entanto, possuímos este dom somente em “vasos de barro” – também a nossa fé permanece, ao mesmo tempo, como um acto humano, nosso, uma fé peregrina que, durante a nossa peregrinação neste mundo e neste corpo, nunca de todo se pode libertar da penumbra da dúvida, nunca se pode esquivar inteiramente às limitações da nossa razão, da nossa linguagem, da nossa experiência e das nossas representações.
Também o mais ardente amor e anseio deve, neste mundo, tal como o peito de Maria Madalena, ser advertido de que, pelo toque, não se arranca totalmente o véu do mistério para o guardar como objeto de posse. Assim como da claridade e do fulgor do monte Tabor o caminho imediatamente declinava e descia para o vale do quotidiano, até à treva do Getsémani, assim também o encontro com o Ressuscitado, mesmo se ele enche de alegria, não se pode “fixar” e alojar no remanso precioso e inestimável das certezas, entre as convicções firmes e as estimativas deste mundo. Ela é uma certeza de outra qualidade, mais profunda e, ao mesmo tempo, mais subtil e admirável, comparável com uma luz que se deve guardar e proteger num caminho ventoso para que não se apague; nem sequer se pode reter Jesus ressuscitado com a proposta de aqui fazermos “três tendas”. Ele está sempre a caminho, vai para o Pai, é o caminho para Ele – e quer que também nós não fiquemos entorpecidos, mas o acompanhemos e avancemos.
O luxo de pensar na vida
Luís Pedro Nunes, E, Expresso, 17.9.2016
Setembro é o mês ideal para recomeços
Esperar é o novo luxo — anunciou-me pomposamente a revista que trazia a ilustrar três jovens “estilo Julio Iglesias meet Jud Law com banho hipsterismo”, rindo alegremente e com pouco ar de que estavam na seca do que quer que fosse. “A última tendência no mundo dos poderosos é exercitar a paciência, seja para conseguir uma roupa por medida ou uma mesa.” Hesitei se deveria ler. Já dissertei sobre esse luxo supremo que é poder usufruir do silêncio na vida quotidiana ou do poder não ter um telemóvel. Mas esperar? O termo equivale ao que nós entendemos como tal? Com tanta contradição em si (e dado que era a revista do “El País”, enfim, não era um pasquim), exercitei a minha paciência e decidi ler. Vamos lá ver que nova bizarria é essa dos tais ricos e poderosos na sua eterna capacidade de humilhar os mais fracos.
Eis o resumo: se esta sociedade está dominada pela gratificação imediata, o “maior dos luxos consiste, paradoxalmente, em querer aquilo que se faz esperar”. Ou seja: se o maralhal tem tudo na hora, os sacanas dos 1% querem coisas demoradas. Se consigo a antestreia, a cunha para o restaurante cheio, então… “eles” não. Isto não tem nada de inveja aspiracional, mas de reflexo sobre a nossa existência. Já lá vou.
Vejamos a moda. Antigamente havia várias coleções ditadas pelas estações do ano. Mas isto do imediatismo é tal que até já há marcas, como a Burberry, que na coleção apresentada a 19 de setembro — dada a hiperaceleração da vida moderna — acabou com a distinção de “temporadas de inverno ou verão”. Se tudo for “agora”, então não é preciso estações do ano. O agora é sempre. E o agora não tem data. Mas não pode ser amanhã, muito menos para a semana. Para o ano, então? Só um “rico e poderoso” pode esperar. Só ele tem os “meios” para esperar. Para poder fazer da “paciência” e do “esperar” sinónimos de luxo e experiência positiva. Os gajos parece que estão a gozar com a malta. Não sei se pensam nisto conceptualmente ou se é uma maldade no ADN.
Mas esperar o quê? Meses por um fato na Saville Road em Londres ou um lugar naquele restaurante que por mais dinheiro que tenha só aceita reservas para daqui a um ano? É o contraponto à nossa existência, dos banais. Esperar tornou-se um luxo, porque a nossa vida nem pode parar para que pensemos na nossa própria vida.
Não vale a pena perder muito tempo a falar sobre a perda dos marcos temporais que ritmavam o ano e foram desaparecendo (plantar, ceifar, rezar em dias certos, celebrar feriados), mas há de facto uma homogeneização da vida. Ou caos de significados. Não vale a pena referir a confusão que é entrar em meados de agosto numa loja e estar a exibir a coleção de inverno. O tempo vai ganhando uma certa linearidade, em vez do conceito circular que nos ajudava a reorganizar a vida. Já não regressam as frutas sazonais (há-as durante todo o ano). Não espero pelo próximo episódio da série (vejo a temporada toda de uma vez); o trabalho desestrutura-se ao longo da semana e do dia.
A tal “Geração Já” somos todos nós que achamos inaceitável que um filme leve 6 minutos a descarregar no PC, ou que o serviço do banco online — que uso em casa para pagar todas as minhas contas — esteja momentaneamente em baixo (onde é que já se viu?), quando ainda há uma década papava, sem reclamar, umas duas horas na fila da EDP quando me atrasava no pagamento?
Restam alguns marcos que usamos para estruturar as nossas vidas. E setembro, este belo setembro, na nossa cabeça, acaba por ser um segundo janeiro, naquilo que esse primeiro mês tem de bom. E sabemos isso sem o saber. Devíamos pensar melhor no assunto. É como se fosse uma segunda hipótese de refazermos os objetivos do ano ou, pelo menos, da vida quotidiana a curto prazo. E isso é essencial para reorganizarmos a vida.
Os tais ricos e poderosos podem achar que esperar é o que está a dar. Nós temos de ter objetivos e uma visão global da vida. Os investigadores chamam-lhe o “efeito nova oportunidade” (fresh start) e é dos últimos pilares temporais que — juntamente com janeiro — obriga a uma reflexão sobre a vida como um todo ou pelo menos a ponderar tomar iniciativas e modificar pequenas coisas.
Sem estes marcos, acabamos por perder memórias e a não parar para rever o passado e reprogramar o futuro. Setembro acaba por estar de alguma forma marcado em nós porque todos temos a ideia de ser um recomeço, à conta do regresso às aulas, e muitos de nós acabamos a projetar essa experiência dos nossos filhos em nós próprios. Para mais, tendo normalmente agosto e as férias sido um acumular de experiências (amores, viagens, etc.), há a necessidade desse “novo eu” olhar para a vida e repensar se aquilo que queria em julho é o mesmo que se quer em setembro. Este “efeito recomeço” tem a capacidade de tirar as pessoas do piloto automático, de as fazer questionar, de as colocar a fazer promessas tipo “vou deixar de fumar”. E quem não faz férias em agosto acha todo o mundo em setembro, com uma certa energia determinada para a mudança, insuportável.
E há quem se deprima em setembro. Não faça isso. É um recomeço. Uma primavera, sem a ansiedade do verão e com objetivos novos e vontade de mudar. Enquanto isso, os tolos dos ricos estão à seca e à espera de um fato que só está pronto lá para 2018. Coitados. Ainda bem que só são 1%.
uma Canção perfeita
para todas as crianças do mundo!
Viver em Comunidade
escrito por Marisa Varela, S. Tomé e Príncipe, 7.julho.2016
Ao longo destes meses tenho vindo a compreender o mistério e graça da vida comunitária. Sinto que é uma experiência contínua, desafiante e surpreendente. Nem sempre é fácil, nem sempre é difícil. Existem os maus momentos, momentos em que alguém se irrita, alguém discute, alguém fica triste e chora. Mas também existem bons momentos.
Momentos em que enchemos a casa com enormes gargalhadas, dançamos, contamos piadas e fazemos palhaçadas. Momentos em que planeamos (detalhadamente) e vivemos com imenso gosto uma festa de aniversário de alguém da comunidade, tornando esse dia especial e inesquecível para todos. E existem ainda os momentos em que conversamos, rezamos e partilhamos preocupações, alegrias e tristezas.
Viver em comunidade exige esforço. Implica trocar “meu” por “nosso”. Implica trocar “eu” por “nós”. Implica ainda aceitar o outro tal como ele é, e não como eu gostaria que fosse. Através da vivência comunitária tornamo-nos cúmplices e desenvolvemos um espírito de entreajuda. Quando nos apercebemos já nos alegramos com a alegria do outro e choramos as tristezas com o outro.
Nesta missão faço comunidade com seis pessoas: Carina, Carlota, Francisco, Lília, Marta e Sara. Cada um com a sua personalidade e história de vida que marcam as diferenças entre nós. Para uns é essencial garantir um bom stock de lixívia, enquanto outros preferem bagunça à arrumação, existem os dependentes de café e chocolate e ainda os mais “esquisitos” com a comida. Uns são mais críticos, outros mais pacientes. Por vezes brincamos com todas estas diferenças, noutras vezes agradecemos a diversidade e aprendizagens que estas trazem para a nossa comunidade, e noutros momentos julgamos as crenças, ideias e personalidade do outro.
Nesses momentos, em que as questões que nos diferenciam parecem querer afastar-nos…está lá Ele. Constantemente faz-se sentir presente na nossa comunidade, para nos lembrar sempre, de que as nossas diferenças funcionam melhor juntas que separadas, e que juntos até um carro atolado na lama conseguimos tirar.
Que fazer da missa?
Frei Bento Domingues, Público 11.9.2016
1. Nasci e cresci numa aldeia onde toda a gente ia à Missa. Era obrigatória: faltar era pecado e matéria de confissão. Era dita em latim e de costas para o povo, com os homens à frente e as mulheres e as crianças atrás. Durante a homilia, os homens saíam para fumar um cigarrito. Da Missa, aproveitava-se a reza do terço. O padre, depois dos avisos, em português, voltava ao latim: ite missa est. Missão cumprida?
A palavra missa vem do verbo latino mittere, enviar, mandar, dispensar, mas também missão e míssil. Seja como for, o sentido das palavras depende do seu uso. A própria expressão Ite missa est já existia no latim profano antes de passar para a liturgia cristã. Como diz Ávito de Viena (470-518), essa fórmula era usada para terminar as audiências do paço e dos tribunais de justiça: “Nas igrejas e nas cortes do imperador e do prefeito dizia-se missa est quando o povo era despedido da audiência.”
Nos primórdios do Cristianismo, o culto era dividido em duas partes: a primeira, composta de orações, leituras, cânticos e a pregação, era aberta a todos; a segunda, a eucaristia propriamente dita, era reservada aos baptizados. Por isso, no final da 1ª parte, os catecúmenos também eram despedidos com o Ite, missa est, “Ide, a vossa celebração terminou”. É o que sugere Santo Agostinho: “Depois do sermão faz-se a missa, isto é, a despedida ou envio dos catecúmenos”. Pouco a pouco, a palavra foi-se aplicando ao conjunto da celebração. Já no século IV, na Peregrinatio Sylviae, é dito que “O sacerdote abençoa os fiéis e faz-se a missa, isto é, a despedida ou o envio”. Actualmente, em português, depois da bênção final, a despedida é feita com a fórmula: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe (Ite, missa est).
Essa informação não me trouxe nenhuma alegria. Por outro lado, hoje, a Missa já não é em latim nem de costas para o povo, mas continua aborrecida e sem ter em conta a realidade daqueles que a procuram.
2. Repetiram-me, todo este Verão, que a Missa precisa de uma reforma profunda. Algumas queixas eram bem identificadas: três leituras e um salmo muito longe do nosso tempo, remetendo-nos sempre para um passado, que já não nos diz nada; as chamadas orações eucarísticas são pouco variadas e parecem existir apenas para enquadrar a chamada consagração do pão e do vinho, a matéria da comunhão, e um enigmático pedido de Jesus, fazei isto em memória de Mim.
Será que esses reformadores querem agora Missas à la carte?
A situação real é muito mais grave do que estas amostras de descontentamento podem sugerir. Repetimos, em todas as Missas, o pedido de Jesus. Essa repetição cumpre um desejo ou repete uma traição?
3. Será Jesus que precisa que nos lembremos dele ou seremos nós que, sem olhar para o seu percurso, nos tornamos incapazes de encontrar o nosso próprio caminho? Será Cristo que precisa da celebração da Eucaristia ou somos nós? Ele pede-nos uma fidelidade a um ritual ou exige que continuemos, com Ele, o Evangelho da Alegria para os dias de hoje? A missa é um encontro com o passado ou uma fonte de desassossego do nosso presente? Um despertador ou um calmante? Não celebramos a Eucaristia porque ela faça falta a Jesus, mas porque nos é fundamental.
Os liturgistas garantiram, nas celebrações da Eucaristia, a presença da memória do Antigo e do Novo Testamento, mediante uma distribuição abundante das suas leituras. O passado não falta. Mas a Eucaristia é só uma memória do passado? Um acontecimento do passado? Uma visita a esse grande museu literário?
Onde estão as narrativas da vida dos que participam nas celebrações? Essas são as páginas brancas do Evangelho de que falou o Papa Francisco na sua viagem apostólica à Polónia, no encontro com os sacerdotes, religiosos e seminaristas. Só vale a pena irmos à Missa para sairmos modificados.
Uma Igreja pode estar cheia de gente, sem gente. Como poderá acontecer a transfiguração da vida das pessoas da comunidade cristã se as pessoas não estão lá com a realidade complexa da sua vida de semana? É uma assembleia clandestina de si mesma. Só se ouvem as vozes do passado e o presente é confiscado pelo clero, o único que tem voz e vez.
Não é totalmente verdade. Conheço um clérigo, chamado Papa Francisco, que não falou aos jovens sem antes os ouvir e interrogar, de muitos modos. Não para os adular nem para receber o seu aplauso, mas para recolher as suas inquietações e lhes lançar novos desafios. Não quer jovens adormecidos, pasmados, entontecidos. Não viemos ao mundo para vegetar, para fazer da vida um sofá que nos adormeça. Viemos para deixar uma marca.
Quando se pergunta que fazer da Missa, não pode ser apenas, nem sobretudo, para lhe encontrar um ritual mais simpático, mais agradável, uma antologia de leituras mais encantatórias. A pergunta real é outra. Em que Igreja precisamos de nos transformar, para celebrar uma Eucaristia que nos responsabilize e nos faça sair para a transformação da sociedade?
Importa criar uma circulação permanente entre o que se passa no mundo e na Missa. Uma Missa sem mundo em transfiguração só pode gerar um mundo sem missa e sem o seu desejo.
O Tempo como Dom
José Tolentino Mendonça na E, revista do Expresso 10.9.2016
Quando olhamos para um bocado de terra, apercebemo-nos de várias camadas geológicas e até somos capazes de dizer: esta levou mil anos a sedimentar, esta levou quinhentos, esta dez. Toda a realidade é lavrada pelo incomensurável efeito do tempo: seja a minúscula pedra ou a grandiosa montanha, tudo tem no tempo a sua chave indispensável. Somos trabalhados instante a instante pelos seus instrumentos. E por vezes o tempo passa por nós de forma tão delicada que nem damos por ele, e outras atormenta-nos, assedia-nos, convulsa-nos, com a sua voracidade.
Nós somos duração (ou, pelo menos, “duro desejo de durar”, como Paul Éluard defendia). Quer dizer, trazemos em nós a memória e a presença de tempos muito diversos e isso, por muito que nos custe, é um dom. Conhecer-se é tomar consciência desses tempos que coexistem em nós, mesmo no seu contraste. Gostaríamos que a vida fosse mais linear e harmoniosa, não tivesse a marca daquele solavanco ou daquela ferida, não tivesse atravessado aquele estremecimento. É verdade, para bem e para mal, aquilo que Camus escreveu: “O homem é o único animal que se recusa a ser o que é.” Mas em nós coexistirão sempre o breu e a lâmpada, o tesouro e o barro, e a atitude não é mudar aquilo que não podemos mudar, mas perceber que a ambivalência, em certo grau, também é uma respiração que nos pertence. Bem desejaríamos poder travar ou modificar o tempo. Porém, o importante não é ser perfeito: o fundamental é ser inteiro. Trata-se, assim, de integrar, na composição que fazemos da existência, a diversidade, a fragmentação e o contraste. E os pequenos triunfos dão-nos fortaleza para olhar as grandes humilhações, e as dificuldades vividas oferecem-nos sabedoria para olhar de outra maneira para tudo o resto. As experiências de liberdade ampliam a capacidade e a esperança para suportar os momentos em que a perdemos; e as experiências em que nos sentimos aprisionados consolidam a resistência, a força e até o sentido de humor para vivermos os tempos de liberdade. Há, portanto, que afastar a tentação do cinismo e aceitar que somos feitos efetivamente destes materiais tão diferentes e que tudo isso é matéria de vida e de dádiva. Escreve Rainer Maria Rilke nesse mapa indispensável que são as “Cartas a um Jovem Poeta”: “o tempo não é uma medida, um ano não conta, dez anos não representam nada, ser pessoa não significa contar, não se trata de contar o tempo: trata-se sim de crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste serena.”
Normalmente, quando vamos de um lado para o outro conhecemos o motivo. Mas — temos de reconhecê-lo — uma viagem assim é demasiado curta. A viagem que se faz sabendo os motivos não é a viagem. A verdadeira viagem é aquela que dura tanto que já não se sabe porque se veio ou porque se está. As perguntas sobre o que fazemos já não interessam. Estamos, ponto final. Viemos. Não é o saber ou a utilidade que definem a vida, mas o próprio ser, a expressão profunda de si.
Por exemplo: olhamos para um jardim, gostamos, não gostamos, intervimos, cortamos, cerceamos e, de repente, temos um jardim obcecado por figuras geométricas, recortado pela ânsia de alcançar formas reconhecíveis ou perfeitas. Contudo, é bom saber que o nosso desejo de arrumação pode ser enganador, porque a vida é viva, e nada se sobrepõe a essa verdade. Creio, por isso, que temos sim de desejar os nossos canteiros bem ordenados e floridos, e neles a maturar a vida que controlamos. Mas não podemos deixar de desejar, e de desejar ardentemente, que flores selvagens, flores de que não conhecemos o nome, venham também florir à nossa porta.
Natividade de Maria
https://youtu.be/M7Ux80jK3bI?list=RDM7Ux80jK3bI
Mary, did you know
that your Baby Boy would one day walk on water?
Mary, did you know
that your Baby Boy would save our sons and daughters?
Did you know
that your Baby Boy has come to make you new?
This Child that you delivered will soon deliver you.
Mary, did you know
that your Baby Boy will give sight to a blind man?
Mary, did you know
that your Baby Boy will calm the storm with His hand?
Did you know
that your Baby Boy has walked where angels trod?
When you kiss your little Baby you kissed the face of God?
Mary did you know…
The blind will see.
The deaf will hear.
The dead will live again.
The lame will leap.
The dumb will speak
The praises of The Lamb.
Mary, did you know
that your Baby Boy is Lord of all creation?
Mary, did you know
that your Baby Boy would one day rule the nations?
Did you know
that your Baby Boy is heaven’s perfect Lamb?
The sleeping Child you’re holding is the Great, I Am.
Santa Teresa de Calcutá
Irritações
“Irritamo-nos. Uns muito e muitas vezes e outros só de vez em quando, de forma relativamente discreta. Por vezes até os mais pacíficos e controlados se irritam de forma exuberante e há alguns que vivem em estado de permanente irritação.
Irritamo-nos, dizemos nós, porque vamos tendo muito bons motivos para tal: ele é o trânsito que é sempre caótico e os outros condutores que são distraídos, aselhas ou mal-educados; ele é a nossa equipa favorita que é sempre prejudicada pelos árbitros, ou pelos sorteios ou pelos jornalistas ou pelos dirigentes; ele é a politica que não é séria, que dá abrigo a corriptos, a protetorados de amigos, que não resolve os reais problemas que é suposto resolver; ele é as empresas dos vários serviços básicos que nos dão música em horas infinitas de espera telefónica para tentarmos resolver problemas que não arranjamos; ele é os funcionários, nossos, dos outros, públicos, privados e mistos, que são simpáticos e ineficazes, que são profissionais e lentos, que não são profissionais e são irritantemente descontraídos e encantadores. Ele é o tempo, as esperas, a incivilidade,os imprevistos que não se controla, as pessoas, a ignorância ostentada, as múltiplas disfuncionalidades do dia-a-dia.
Existem sempre razões que podemos invocar para justificar as nossas irritações, mas o facto é que diferentes sujeitos colocados perante os mesmos estímulos reagem de forma muito diferente, o que quer dizer que há um fator individual que joga um papel definitivo nesta coisa da irritação. Ou seja, se irritarmo-nos faz parte do leque de respostas emocionais que todos experimentamos, a variabilidade da frequência e da intensidade com que o fazemos dizem-nos que a irritabilidade não é unicamente função da situação. A irritabilidade é uma característica pessoal que, nalguns casos, convive com reais perturbações de humor em quadros a que chamamos distímicos e, em muitos outros, é apenas um deficiente controlo emocional que pode e deve ser corrigido. Nem que seja porque viver irritado é penoso, cansativo e irritante, até para o próprio.”