Celebra-se hoje, 12 de agosto, o aniversário natalício de Miguel Torga. Um grande poeta português e, sem ele o ter sabido, uma forte influência sempre presente na nossa Comunidade. Torga era o poeta do Jorge. Tantas e tantas vezes, ele aproveitou-se das suas palavras para se fazer ouvir e para nos mostrar aquela beleza que ele tão bem sabia que nos salva. Em mensagens trocadas, em telefonemas, em papéis espalhados pela nossa casa, em folhas de rascunho, em pautas, em contas do supermercado ou da luz, lá aparecia um ou outro verso do Torga do qual o Jorge se lembrava e escrevia.
Na parte em que no nosso Musical “Jesus é VIDA!” se abordava a paixão e morte de Cristo, este relato era feito recorrendo a 12 poemas torguianos declamados, com solenidade e expressão, pelos nossos jovens “atores e atrizes” da época. Os poemas “Estrela do Ocidente”, “Nasce mais uma vez” e “Venha” foram musicados pelo Jorge e cantámo-los sempre nas nossas missas no tempo do Natal. Não exagero se disser que o Jorge sabia praticamente de cor as palavras da “Antologia Poética” do Torga. Durante ano e meio de preparação do musical, este foi o seu livro de cabeceira. Nunca o emprestou a ninguém – algo muito raro nele! A este livro recorria sempre que precisava do monumental silêncio das palavras, da inquietude das interrogações, do apaziguamento dos vocábulos trabalhados. Era o seu livro de oração e acompanhou-o, literalmente, até ao fim, tendo-o levado consigo…
E porque Deus sabe sempre colocar-nos nos seus caminhos (se assim nos dispormos a isso) e faz-nos viver os acontecimentos que precisamos na altura certa e entrega-nos as pessoas que nos amam, tivemos, por estes dias, a felicidade de visitarmos, pela primeira vez, o espaço “Miguel Torga” e a sua casa de férias, em São Martinho de Anta, sua terra natal. Um espaço de liberdade, de palavras, de silêncios, de terra cultivada, de perguntas, de horizontes. De presença e na Presença. Do abraço e no Abraço. E vivido numa perfeita trindade comunitária.
Celebremos a Vida! Sempre!
“A gente entra e já está no Reino Maravilhoso.” (Miguel Torga, 1950)