Arquivo mensal: Outubro 2022

Testemunhos – Formação Cristã de Adultos 2022

Alguns testemunhos acerca da vivência deste percurso da Formação Cristã de Adultos. O que foi e como foi a experiência da Formação Cristã de Adultos nas palavras de alguns dos jovens adultos que frequentaram estes encontros. De janeiro a setembro de 2022, às sextas-feiras, das 21h30 às 23h, na paróquia da Matriz (Póvoa de Varzim), este grupo de treze elementos foi fazendo o seu percurso na descoberta de um Deus que está sempre disponível para quem o quer acolher, construindo assim o início de uma fé adulta, pensada e experimentada, concreta, vivida em ações, participada no quotidiano e celebrada sempre em comunidade. Este foi o primeiro ano desta experiência dinamizada pela Paróquia de Nossa Senhora da Conceição (Matriz – Póvoa de Varzim) em parceria com a Comunidade Estrada Clara. Na próxima 6.ª feira, dia 21 de outubro, um novo grupo iniciará uma nova etapa de formação. Seguimos juntos, construindo uma comunidade de partilha, de vida, de sentido e de esperança plena n´Aquele que é tudo em nós!

Testemunho da Amanda

A minha experiência em relação à formação para o crisma 2022 foi muito boa, esta formação proporcionou momentos de discussão e debate acerca de várias passagens e momentos tanto da bíblia, como da vida cristã, discussões estas adultas e com uma visão diferente daquela que nos foi ensinado na primeira comunhão. A Ana, a Beatriz e a Sofia, muito simpáticas e queridas e sobretudo sempre dispostas a nos ajudar nesta caminhada pela fé. A formação ajudou-me muito a ter uma visão mais adulta e conhecedora dos temas abordados. Muito obrigada e um beijinho especial às queridas animadoras.

Testemunho do Carlos

Os encontros da Formação Cristã de Adultos foram o início de uma caminhada de descoberta sobre quem realmente somos e qual o nosso papel neste mundo. Longe das catequeses pré-formatadas e monótonas que possamos imaginar, estes encontros revelaram-se um belo espaço de partilha orientada por temas concretos que, enriquecidos pelo contributo de todos, foram pouco a pouco clareando a estrada da vida que juntos percorremos. Ora aprendendo a manusear a Bíblia, ora interpretando parábolas à luz da nossa vida concreta, ora escutando reflexões de quem veio antes de nós, tivemos sempre a oportunidade de partilhar as nossas próprias experiências e de melhor as enquadrar com a forma de vida cristã. Tudo isto tornou-se possível através do esforço, amabilidade e acolhimento incansáveis das nossas catequistas Ana, Beatriz e Sofia. Que falta fazia um espaço destes na nossa comunidade! E que bom que os nossos percursos individuais se possam agora cruzar e enriquecer em conjunto neste ponto de encontro que sou eu, que és tu, que somos nós, que é Deus.

Testemunho da Joana

Dia 3 de setembro de 2022 pelas 15:00 realizei o Sacramento do Crisma. Mais uma etapa da minha vida, há muito tempo desejada! Momentos assim vivenciados são sem dúvida alguma momentos muito especiais! Ficarão para sempre guardados na minha memória! Levarei para a vida tudo o que aprendi, o grupo que criamos! Obrigada por tudo, por todos os momentos vividos!

Testemunho da Sara

Frequentar a formação cristã para adultos foi uma das melhores experiências que fiz. As nossas sessões eram bastante agradáveis onde cada um tinha o à vontade para dar a sua opinião, partilhar acontecimentos da vida, esclarecer as nossas dúvidas e desabafar. Frequentar a Formação Cristã para Adultos fez-me ver a vida com outros olhos e acreditar que há sempre uma coisa boa à nossa espera mesmo parecendo que tudo está mal. É só preciso nunca perdermos a nossa Fé! Obrigada por tudo!

Testemunho da Soraia

Gostei bastante de fazer parte desta experiência, aprendi e cresci muito para além de ter conhecido pessoas incríveis com quem fomos partilhando experiências e pensamentos. Ao longo dos encontros aprendi a olhar para a vida de uma forma diferente, nem sempre tudo como queremos e está tudo bem é porque assim tinha de ser e só mais tarde vamos dar conta disso. O que nos move sempre é a fé que temos nas pequenas coisas da vida. De uma forma geral, gostei bastante e agradeço imenso por tudo o que levo desta experiência!

Formação Cristã de Adultos – Crisma 2022

O primeiro grupo deste primeiro ano de Formação Cristã de Adultos, promovida pela paróquia de Nossa Senhora da Conceição (Matriz) em parceria com a Comunidade Estrada Clara, culminou com a celebração do Crisma pelo nosso Arcebispo Dom José Cordeiro no dia 3 de setembro de 2022, na nossa Igreja Matriz. Recordamos, com imensa alegria e muita gratidão, esse dia festivo em que os nossos treze crismandos (a Amanda, a Ana Carolina, a Beatriz, a Beatriz Rosa, a Carlota, o Carlos, o Daniel, a Diana, o Diogo, a Joana, o João, a Sara e a Soraia) receberam o Espírito Santo e foram fortalecidos com os seus dons. Lembramos também o percurso particular da Carlota que, escolhendo, numa idade adulta, assumir uma vida cristã, recebeu os sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Foi uma celebração comunitária de fé, de ação de graças e de louvor por este caminho percorrido e pela descoberta de um Deus que nos ama e que nos quer sempre a caminho com Ele e com os nossos irmãos. Que este tenha sido o dia primeiro de um percurso numa fé adulta, consciente, pensada e experimentada, questionada e trabalhada sempre numa dimensão comunitária. Um bem-haja a todo este grupo pelos momentos de partilha, de reflexão e de conhecimento e pela certeza que nos dão de que viver em Deus é, essencialmente, um viver com e para os outros.

“A felicidade chama-se santidade, porque Deus nos ama e quer que sejamos como Ele: santos e misericordiosos. Esta vontade de Deus desafia-nos para o dom de ver o seu rosto e de lhe responder no coração. A interioridade é, por isso, a capacidade de querer. O futuro está na interioridade. Caríssimos Jovens, que sereis confirmados com o azeite perfumado da alegria, sede discípulos missionários do Evangelho e vivei a alegria do amor na família da Igreja, como nos recorda, de modo tão feliz, o Papa Francisco. Não tenhais medo de ser santos na Misericórdia! Abri o coração a Jesus Cristo!”  (D. José Cordeiro, Arcebispo Primaz de Braga)

Caminho em Ti

A Comunidade Estrada Clara orienta encontros para adolescentes, jovens e adultos, tendo como ponto de partida a mensagem de Jesus Cristo e como objetivo primordial dar a conhecer a vivência desta mesma mensagem no quotidiano, nos contextos, nas escolhas e nos estados de cada ser humano.

Os nossos encontros “Caminho em Ti”, destinados a adultos, pretendem ser um espaço de reflexão, conhecimento e partilha. A Comunidade Estrada Clara disponibiliza-se para promover estes encontros num contexto de evangelização paroquial e interparoquial. A partir de um tema proposto (que pode ser uma passagem bíblica, um texto de um autor, uma canção, uma poesia, um pequeno filme, etc.), os participantes nestes encontros têm a possibilidade de, através de diversas atividades, fazerem um caminho de descoberta da essencialidade de Jesus Cristo nas suas vidas tendo como porto de partida esse mesmo tema trabalhado. Partindo da experiência comunitária, cada participante irá descobrir, num diálogo consigo mesmo e com os outros, o que significa dizer Jesus com a sua vida, isto é, como é possível ser, hoje em dia e em cada dia, uma testemunha viva do Ressuscitado num mundo em mudança e em crescimento. Estes encontros incluem momentos de oração, de silêncio, de escuta, de conhecimento, de partilha, de compromisso e de reflexão.

* Encontros “Caminho em Ti” *

Destinatários: adultos a partir dos 20 anos

Duração: um dia

Esquema de atividades:

– Momento(s) de Oração

– Tema (abordado em duas partes)

– Reflexão individual

– Grupos de partilha

– Reflexão partilhada

– Compromisso: “No meu caminho pessoal e comunitário, eu ….”

Este esquema pode sofrer alterações consoante os grupos envolvidos, o local de realização do encontro e outras circunstâncias. Para mais informações acerca destes encontros, contactar a Comunidade Estrada Clara: comunidade.estrada.clara@gmail.com.

No primeiro dia…

Reflexão para o mês de outubro de 2022

The sky is the limit

Texto de Ana Luísa Marafona, Comunidade Estrada Clara

“Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às coisas da terra.” (da Carta aos Colossences 3, 2)

Há alguns anos, numa entrevista dada ao jornal “Público”, o cardeal Tolentino Mendonça afirmou: “Não conseguimos encontrar sentido na vida com os olhos colados aos sapatos. Precisamos de infinito, nem que seja de um fragmento de infinito.” Guardei sempre como um sinal de alerta pessoal estas suas palavras e, quando leio esta passagem da carta de São Paulo aos Colossenses que serve de ponto de partida para a nossa reflexão mensal, relembro a minha promessa de procurar sempre esse fragmento de infinito que se encontra no alto, naquilo que é elevado.

Os anos passaram, mas estas afirmações do nosso cardeal poeta maior continuam a ser atuais. De facto, vivemos demasiadamente com os pés no chão, a olhar o lugar que pisamos, os sítios que percorremos. Infelizmente, esta é uma tendência muito nossa, muito humana, a de viver com os olhos no chão, naquilo que é pequenino, no que é limitado. Entendemos, muitas vezes, as nossas ações como sendo de curto alcance, de estreiteza de vistas, de finitudes já estabelecidas. Tudo isto tolda-nos e impede-nos de encontrar o que está mais além, o que de mais infinito temos para alcançar e viver.

Quando percorremos as ruas das cidades, no frenesim do nosso dia-a-dia, o habitual é mesmo este, o de nos vermos apressados, agitados, caminhantes de olhos colados aos sapatos. Ou então de olhos colados aos nossos gadgets digitais que nos alienam para um mundo virtual e, por isso, romanticamente distante, ausente e irreal. Com tanto a acontecer à nossa volta, por que razão serão os nossos sapatos a receber o privilégio do nosso olhar? Com tanto a observar e a contemplar diante dos nossos olhos, por que motivo damos primazia ao chão?

Há uma sede inegável de infinito, o ser humano é, por natureza, um ser insatisfeito com a mediocridade do dia-a-dia, do que já é sabido e conhecido, do que não é agradável. O homem tende para a busca e esta procura não se esgota no horizonte dos nossos sapatos. A condição humana é a condição de peregrino, caminhante. O nosso olhar pede-nos mais, a nossa vida quer levar-nos para bem mais longe. Procurar as “coisas do alto” não é fugir da realidade, mas antes encontrar aqueles ideais que não acabam: a justiça, a verdade, a paz, a solidariedade. Buscar as “coisas do alto” não é sinónimo de uma vida poupada a problemas e questões, mas antes a escolha de uma vida real, concreta, com os seus trabalhos e desafios sem, contudo, perder a dimensão espiritual, elevada, infinita que nos vem de um Deus maior. Afeiçoar-nos às “coisas do alto” é priorizar o que realmente importa, é dar valor ao que não tem fim.

Todos sabemos que a vida terrena é efémera. Por isso, as “coisas da terra” serão sempre zonas de conforto que, de forma limitada, nos oferecem esse conforto e certezas. As “coisas da terra” dão-nos alegria e satisfação, mas serão sempre limitadas pela sua finitude. Devemos, por isso, aproveitá-las e vivê-las, realizando através delas a nossa vocação, mas sempre com o olhar no infinito que nos é oferecido por Deus. E só com um olhar mais amplo, conseguiremos ver melhor o terreno, aceitar o quotidiano e vivê-lo com serenidade. Olhar para o alto amplia a nossa capacidade de espanto, a nossa criatividade, o nosso desejo de edificar, de construir. A maior das graças é a de conseguir ver o nosso quotidiano a partir de Deus, é pensar a vida e as suas circunstâncias e contrariedades a partir do nosso entendimento de filhos de um Pai que nos ama infinitamente. A decisão é sempre minha. Eu posso escolher construir o meu dia na certeza de que a vida é mais. Eu posso decidir deixar de ter os meus olhos baixos sobre os problemas e as dificuldades que me aprisionam e limitam. Eu posso optar por levantar os meus olhos para a Luz e ser também eu uma luz. Quando eu escolho viver as “coisas do Alto”, as “coisas da terra” ganham outra dimensão, outra explicação, outra elevação. É no meu dia-a-dia que eu sou chamada a ser um sinal de Deus, a viver a minha condição de filha de Deus, a construir o meu caminho. É no meio do mundo que eu sou criatura amada de Deus. Mas para o ser em toda a plenitude, tenho de continuar a olhar para o Alto, para Aquele que não tem fim. A história humana está cheia de exemplos de homens e mulheres que escolheram, no meio de nós, viver nas alturas e para as alturas. Um desses exemplos é o de Chiara Lubich que procurou sempre um Ideal que não morresse, que não tivesse fim. E ela encontrou-o quando se deixou encontrar por Jesus.

Viver o infinito é fazer acontecer a sua procura. Olhar o infinito é caminhar de olhos abertos, cheios de esperança, daquela esperança que cansa de tanto esperar, mas que existe por isso mesmo. Por isso, não vivamos com os olhos colados aos sapatos. Não vivamos com o nosso pensamento colado em nós próprios, no nosso egoísmo, nas nossas autoproclamadas defesas. Não finjamos que o melhor de nós não chama por nós. Não nos percamos nas autoestradas da vida que com facilidade e rapidez nos levam para qualquer lado, mas que nos impedem de contemplar com tempo, com espanto e com atenção a simplicidade dos caminhos longos. Não fixemos os nossos olhos no fim da linha porque podemos estar a cancelar o seu início. Sigamos o conselho de São Paulo e tenhamos as “coisas do alto” como as nossas guias. Que a partir desta busca pelas “coisas do alto” saibamos perspetivar as “coisas da terra”, num diálogo infinito olhando a nossa vida concreta de um modo largo, amplo, maior. E assentemos os nossos pés nas estrelas, nessa Estrela Maior que é Jesus, aquele que soube viver as “coisas da terra” olhando sempre “as coisas do alto”.