“Naquela madrugada, a pedra foi removida do meu coração…”

A reflexão de Maria Madalena

(a partir do Evangelho do dia – Lc 24, 1-12)

Fui ao sepulcro antes do nascer do sol. O coração pesado. Os olhos cansados de tanto chorar. Levei perfumes e óleos, pois queria cuidar do corpo d’Aquele que me devolveu a vida. Era o mínimo que podia fazer, depois de tudo o que Ele fez por mim. Depois de me levantar do abismo da vergonha, da solidão, do preconceito…

Acompanhavam-me Maria e Joana. Mas ao chegar, a pedra… não estava lá! O túmulo… vazio! Corri, chamei, chorei. O desespero tomou conta de mim. Pensei que O tinham levado. Roubaram o corpo? Porquê? Já não Lhe bastava a cruz? Então, dois homens em vestes brilhantes apareceram. Tremi. Mas, então ouvi as palavras que mudariam tudo: “Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo?”

Vivo? No início, o coração recusava acreditar. Mas aquela pergunta… ecoava dentro de mim como um novo sopro. Aquelas palavras não foram apenas anúncio. Foram luz. Luz para os corações que tinham amado sem reservas. Luz para nós que ficamos quando tantos fugiram. As palavras d’Ele voltaram ao meu coração. E o medo transformou-se em certeza.

Corremos para anunciar aos discípulos, mas eles não acreditaram em nós. Disseram que era delírio… Nós, que tínhamos ficado aos pés da cruz. Nós, que estávamos ali naquela manhã enquanto muitos ainda dormiam. Mas não nos importou. A verdade já ardia em nós: o Senhor está vivo. E ninguém nos poderia tirar essa certeza.

Naquela madrugada, não foi apenas a pedra do sepulcro que foi removida. Foi a pedra da tristeza, do desespero, da morte que pesava no meu coração. Foi a pedra da dúvida, do pessimismo, do negativismo. Procurei-O entre os mortos… e encontrei-O na Vida. Hoje, entendo: Ele não está no passado, na saudade, na culpa. Ele está no agora. No teu coração. Porque o amor nunca fica no túmulo. O amor, quando é fiel, vê o impossível tornar-se realidade.

Texto de Ana Luísa Marafona, Comunidade Estrada Clara