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Uma Feliz Notícia!

Mensagem para a Páscoa 2025

Na madrugada do terceiro dia, a eternidade anunciou-se em silêncio: o túmulo estava vazio. Mas não era ausência — era plenitude. Não era roubo — era promessa cumprida. Não era fim — era começo. Escuta-se o eco do Nome que a morte não conseguiu calar. Ele ressuscitou. Ele venceu. Ele está aqui!

A Páscoa não é apenas uma alegria. É, sobretudo, uma reviravolta. É Deus a dizer-nos que nada está perdido, que o amor é mais forte do que o túmulo, que a dor pode ser sempre cuidada. Com Ele, ressuscitam também as esperanças adormecidas, os corações cansados e os sonhos esquecidos.

A Páscoa é esta feliz notícia que não envelhece, não é antiga, não é desmentida com o tempo. Esta feliz notícia transforma tudo: o medo, em confiança; a culpa, em graça; a cruz, em árvore de vida. Esta feliz notícia não se lê, experimenta-se; não se guarda, anuncia-se; não se explica, vive-se com fé. E hoje, como naquela madrugada, ela continua a ser sussurrada aos corações despertos: “Ele está vivo. Ele venceu. E caminha contigo.”

É esta a feliz notícia: há um Deus que entra nos nossos túmulos interiores e, com a força mansa do Seu amor, chama-nos pelo nosso nome e diz-nos: “Levanta-te. Vive. Recomeça.” É o Deus que se fez homem e atravessou a noite da morte para nos abrir o dia da graça eterna. Há uma promessa que se inscreveu na nossa história coletiva: onde Ele passou, a vida renasceu. Com Ele, a morte muda de nome: agora chama-se vida em abundância. O túmulo ficou vazio… para que a nossa vida fique cheia.

Uma feliz notícia! Anunciemo-la com a nossa vida! Cantemo-la com as nossas vozes! Hoje é Páscoa! Que felizes somos porque fomos escolhidos por Ele para com Ele voltarmos à Vida! Aleluia! Ele está vivo! Aleluia!

Uma Feliz e Luminosa Páscoa para todos vós neste caminho sempre pascal em que, juntos, fazemos e somos comunidade!

Ana

Quaresma, um tempo que me habita

Mensagem para a Quaresma 2025

Ana Luísa Marafona, Comunidade Estrada Clara

Iniciamos o tempo da Quaresma. Um tempo favorável para a desaceleração, para a escuta interior, para o autoconhecimento. Um tempo privilegiado para me perguntar quem sou neste corpo que me habita e quem quero ser neste ser que me é dado ser.

A Quaresma é um tempo que se faz presença em mim e onde eu escolho morar. Este caminho de preparação não se esgota numa tradição litúrgica, mas é antes uma experiência espiritual profunda, um convite à conversão, à reflexão e à renovação interior.

A cada ano, a Quaresma habita-nos como uma oportunidade de recomeço. É um deserto que se abre diante de mim. Mas este deserto não é vazio; ele é um espaço onde sou chamada a confrontar as minhas sombras, a reconhecer as minhas fragilidades e a abrir-me à graça divina. Aqui, cada silêncio fala, cada renúncia purifica, cada gesto de amor me aproxima de Deus e do próximo.

A espiritualidade quaresmal não é um exercício de tristeza ou privação sem sentido, mas um processo de esvaziamento para que algo novo possa florescer nesse espaço. Ao jejuar, não apenas abro mão de algo material, mas aprendo a libertar-me daquilo que me afasta do essencial. Na caridade, descubro que a verdadeira riqueza está no dar, no partilhar, no acolher. Na oração, encontro o refúgio onde a minha alma descansa e se fortalece.

Este tempo que me habita ensina-me a viver com mais consciência e autenticidade. Convida-me a estar atenta os sinais da presença de Deus no quotidiano. Ao longo deste caminho, percebo que tudo o que me é dado viver são oportunidades de crescimento abraçadas pelo Amor de Deus. Cada desafio vivido com fé transforma-se numa porta aberta para a graça. Por isso, preciso deixar que a Quaresma aconteça em mim, dando espaço à dor trabalhada, ao perdão que me abre ao futuro, à fragilidade reconstruída em força.

Quaresma. Quarenta dias que me atravessam, que se inscrevem na minha vida e me convidam a ser caminho. Quaresma. Quarenta dias que me habitam, que me constroem e que me preparam para chegar ao Dia Maior.

Quarenta Dias

Mensagem para a Quaresma 2024

Ana Luísa Marafona, Comunidade Estrada Clara

Quaresma. Quarenta dias.

Quarenta dias. De oportunidades, de recomeços, de mudanças. De decisões a serem tomadas a cada dia que nos é dado com a certeza única de que fazemos e somos sempre caminho.

Quarenta dias. Para me deixar cair no colo de Deus e para me permitir que o seu Amor me erga bem alto, bem naquele lugar onde os sonhos se cruzam com a realidade, onde a vida é sempre maior, onde o coração voa até ao infinito.

Quarenta dias. Para acolher medos e inseguranças e para transformá-los em força e ação, instrumentos de peregrinação para a Terra nossa Prometida.

Quarenta dias. Para perceber que o sofrimento e a dor caminham de mãos dadas com um Deus que só me quer bem e nunca me deixa sozinha.

Quarenta dias. Para preparar, com serenidade e alegria, aquela manhã gloriosa em que a Vida vence todas as minhas mortes e as feridas são saradas com compaixão e amor.

Quarenta dias. De silêncios e de ruídos que falam e silenciam tudo que se vê e só se compreende com um coração que escolheu amar à medida de Deus.

Quarenta dias. De luzes e de sombras, nessa mistura que a vida faz todos os dias e que me pede que seja um peregrino que observa, que contempla, que avança mas também recua.

Quarentas dias. De espera e de expectativa. De acolhimento a este Jesus que me transforma, me inquieta, me mostra que na loucura de uma entrega na cruz está toda a minha salvação.

Quarenta dias. De solidão e de deserto, esse espaço onde me recolho para escutar quem sou e onde preparo a minha escolha de viver mais o dom de cada dia.

Quarenta dias. Não para viver em penitência, mas para acolher o que também me faz sofrer. Não para viver o desespero, mas para seguir a via da esperança que também existe numa cruz. Não para me culpabilizar, mas para descobrir um novo entendimento do que significa falhar.

Quarentas dias que nos levam ao Dia Maior dos nossos dias, ao Dia da Vida prometida, luminosa e erguida. Quarenta dias que nada valem se não forem vividos com a certeza que há aquele Dia de Páscoa Eterna que espera por mim, por ti, por cada um de nós.