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Esta é a hora do Amor!


Hoje, testemunhamos, com gratidão, a solene inauguração do pontificado de Leão XIV. A celebração, marcada pela imposição do Pálio e do Anel do Pescador, colocou no centro a continuidade apostólica e o compromisso pastoral do novo Papa. Este início é uma semente lançada em terra fértil: não é uma meta gloriosa, mas a humilde oferta da sua vida em serviço contínuo

Leão XIV apresentou-se ao mundo não como soberano, mas como servo. Ele não levantou a sua voz para se afirmar – elevou antes o Evangelho, com a firmeza serena de quem sabe que a autoridade verdadeira nasce exclusivamente do Amor. “Esta é a hora do Amor!”, anunciou o Papa. E quem caminha na estrada da fé sabe bem que o Amor é sempre a hora de Deus.

“Esta é a hora do Amor!” Porque quem vive em Igreja sabe o quanto esta hora é necessária. Todos nós ansiamos por uma Igreja que atualize verdadeiramente o Evangelho, uma Igreja sempre orante e pensante, uma Igreja entregue ao serviço do mundo, desafiada a viver a coerência e a descartar o comodismo e as respostas fáceis.

“Olhem para Cristo e aproximem-se d’Ele.”, propôs-nos hoje o nosso Papa, lembrando-nos que o centro da nossa existência não está em estratégias humanas, mas sim em Cristo vivo, pobre, crucificado e ressuscitado.

“No único Cristo, somos um.” É este o lema episcopal escolhido por Leão XIV. Estas palavras são direção, oração e interpelação. Direção para um mundo confundido pelo egoísmo e pelo poder. Oração no apelo à unidade, à misericórdia, ao encontro. Interpelação para cada cristão assumir a responsabilidade das suas escolhas e fazer das suas vidas um evangelho vivido em cada gesto.

Hoje, no momento em que recebeu o anel do Pescador, foi evidente a emoção do Papa. Uma emoção carregada de gratidão, de responsabilidade, de alegria, de serviço. Quem caminha nesta estrada da fé, sabe que ela está repleta de desafios a que só a confiança em Deus e a esperança cristã sabem dar resposta. Que o Espírito conduza o nosso novo Papa como vento suave, e que a Igreja, sob a sua guia, saiba escutar mais, abraçar mais, amar mais. Pois é no Amor que tudo começa. E é no Amor que tudo se cumpre. E a hora é esta!

Ana

08.maio.2025 – Um Papa escolhido e um terço rezado num dia que é história

Quando no final do mês de abril, ao ser feita a distribuição da orientação da recitação do terço pelos grupos da nossa paróquia, estávamos longe de imaginar que, neste dia em que a Igreja recebe um novo Papa, estaríamos com o coração cheio de alegria e gratidão.

Hoje, sentimos que a nossa oração se entrelaçou com a história. São momentos em que experimentamos aquela alegria diferente que só a esperança cristã traz ao coração. Partilhamos aqui o texto com que iniciámos a recitação do terço de hoje:

“Hoje reunimo-nos em oração num momento de grande alegria e esperança para toda a Igreja: o anúncio do nosso novo Papa. Paz, diálogo, fazer pontes, união, todos… foram as palavras mais repetidas pelo novo sucessor de Pedro. Precisamente no dia em que somos convidados a meditar os mistérios luminosos, iniciemos esta recitação do terço com as palavras proferidas, há momentos, por Leão XIV: “Sem medo, unidos, de mãos dadas com Deus e entre nós, sigamos em frente, somos discípulos de Cristo, Aquele que nos precede. O mundo precisa da sua luz.” O nosso novo Papa invocou também a presença de Maria e numa iniciativa inédita em termos protocolares, ouviu-se “Avé-Maria” naquela praça e, acreditamos também, um pouco por todo o mundo. Como cristãos que somos, sabemos que nada do que vemos, ouvimos e vivemos acontece por mero acaso… Com o coração cheio de esperança, unimo-nos hoje, em oração, pedindo a Maria que acompanhe o Santo Padre na sua missão. Que a sua liderança seja um farol de fé, unidade e caridade para todo o mundo. Rezemos juntos.”

Papa Leão XIV, seguimos juntos nesta Estrada Clara 🌻✨

O lugar onde Deus escolhe

Estamos a horas do início de um novo Conclave. Na capela Sistina, onde a arte toca o mistério, o Céu há-de inclinar-se sobre a Terra. Portas fechadas mas corações abertos. O mundo católico, junto com tantos outros que observam a Igreja com expectativa ou desconfiança, aguardará…

Como Igreja, somos convidados, nestes dias, a viver em comunhão orante. A não olhar de fora, como se fosse um mero espetáculo, mas a contemplar com o coração voltado para Deus. Estamos num ponto de viragem. O próximo Papa herdará uma Igreja em caminho entre tradição e renovação, entre estruturas que resistem e comunidades que avançam, entre a lógica do poder e a lógica do serviço. Por isso, peçamos, em oração, que o Espírito Santo não seja abafado por cálculos geopolíticos ou jogos de influência clerical. Que os cardeais não escolham com medo – medo do mundo, da mudança, das leis. Que não elejam um gestor da estabilidade ou um restaurador da ordem. Que saibam reconhecer o tempo de Deus e responder-lhe com ousadia e confiança.

Como leiga comprometida, rezo por um Papa que saiba acolher todos os batizados. Que confie nas pequenas comunidades, nas mulheres, nos jovens. Que dialogue com as outras confissões, com a ciência, com quem não crê. Que não tema as perguntas nem se esconda nas respostas automáticas. Que diga “não” ao clericalismo e “sim” ao Reino. Que promova uma fé onde há espaço para se ser adulto. Que conduza o seu rebanho pelo caminho do mistério pascal. Que não tenha medo de tocar as feridas do mundo, de abraçar a diferença, de anunciar Cristo com alegria e com a arte.

Por tudo isto, rezo. Não com passividade, mas sempre com esperança ativa. O Conclave é deles, mas o futuro é nosso – de todos os batizados, de todos os homens e mulheres de boa vontade que esperam, de dentro ou de fora, uma Igreja que se mantenha fiel ao Evangelho, ao primeiro Amor. Nestes momentos, confio – e rezo – para que o Espírito conduza esta eleição. Vem, Espírito Santo. Ilumina não só as consciências dos cardeais, mas a coragem de toda a Igreja. Que o novo Pedro seja aquele que Tu já preparaste, aquele com os pés no chão e o coração sempre em Ti.

Ana

Obrigada, querido Papa Francisco…

Porque soubeste trazer para uma Igreja, tantas vezes adormecida, um caminho novo que nos pede para voltarmos às origens e para saborearmos a simplicidade de uma vida dedicada ao(s) Outro(s).

Porque nos mostraste, em cada dia, a urgência de sermos cristãos de Ressurreição, pessoas em crescimento, em construção de uma fé adulta e sempre alicerçada na esperança.

Porque, como tu próprio afirmaste, te foram “buscar ao fim do mundo” para teres sido tu, ao longo do teu tempo, a mostrar-nos um mundo novo.

Porque viveste o maior dos mandamentos cristãos – o do Amor. Aquele Amor que salva, que acolhe, que acompanha, que nos leva pela mão, que nos faz ser filhos de um Deus Maior.

Porque foste sempre presente, interpelante, apaziguador, atento, perspicaz, orante e pensante.

Porque foste incómodo para quem vive uma fé instalada, confortável e cheia de respostas prontas.

Porque foste um Papa demasiado “moderno” para quem se amarra aos tradicionalismos ocos e desprovidos de sentido e que impedem o olhar para a essencialidade de cada ser humano.

Porque, à semelhança de Maria, soubeste dizer o teu “sim” mesmo não sabendo nada, mas apenas confiando e esperando.

Porque foste construtor de diálogos improváveis, de pontes que são união, de estradas que são autênticas viagens de Emaús.

Porque destruístes preconceitos, julgamentos severos, ideias mesquinhas que só limitam o desenvolvimento integral da Humanidade.

Porque foste um Papa de sorrisos e de afetos, de abraços amigos e de bênçãos calorosas, essas marcas indeléveis de cada cristão.

Porque viveste sem aparato, sem vaidades, sem presunções a contrastar com uma sociedade que parece só viver a partir da exuberância e do exagero.

Porque foste um Papa feliz. “Estou feliz porque me sinto feliz. Deus faz-me feliz.”, disseste numa entrevista recente.

Obrigada, Papa Francisco!

Que privilegiados somos por podermos viver contigo neste mesmo espaço temporal. Mas, acima de tudo, por amarmos e sermos amados pelo mesmo Deus e por nos teres mostrado que em irmandade seremos sempre muito, mas mesmo muito mais felizes!

A tua Luz brilha sempre connosco!

Ana

“Eu desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco.”

21.abril.2025

Querido Papa Francisco,

Habituamo-nos a chamar-te assim porque te soubeste fazer próximo, porque nos mostraste o que é ser abraço em forma humana, porque oferecias sorrisos para enfrentar a frieza que tantas vezes domina este mundo estranho.

Escrevo-te hoje quando acordei com a notícia da tua partida. Agora que já deves saber que escrever ajuda-me a ver a vida e tudo o que nela acontece, terei muito para te dizer ao longo destes dias…

Eis que hoje o mundo parou por um instante. E no meu peito também tudo parou, como se o ar ficasse mais pesado e o tempo mais lento. E mesmo sabendo que o céu hoje te recebe com toda a alegria que mereces, aqui na terra há um silêncio que nos atravessa. Este silêncio que impera, é mais forte do que a agitação natural do dia-a-dia. Mas também este silêncio cria espaço e disponibilidade para ouvir o coração e a razão. Penso no dia de ontem e no que acontece hoje. Tantos sinais da presença deste nosso Deus! Ele só quis o teu regresso à Sua Casa depois de celebrarmos juntos, em família cristã, esse dia maior que foi a Páscoa. Estiveste connosco e abençoaste o mundo! Que belo dia, o de ontem! Festa, luzes, palavras de vida maior, cânticos, palmas, pandeiretas e tantos instrumentos musicais, vozes de júbilo… Tenho a certeza que Ele também estava a ganhar tempo para te preparar uma grande festa como só tu és merecedor. Claro que até o próprio Deus precisava de se inspirar no que de maravilhoso nós os cristãos vivemos ontem!

Hoje, queria dizer-te, antes de mais, obrigada. Obrigada por teres sido Papa com os pés na terra e o coração no Evangelho. Obrigada por nos mostrares que o amor de Deus tem mãos calejadas e que a fé pode cheirar a pão quente, a lágrimas enxutas, a abraço de mãe. Obrigada pela tua voz tantas vezes incómoda para quem não conjuga o verbo amar. Obrigada pela tua vida, verdadeiro hino à misericórdia, à graça, à presença de Deus entre nós. Obrigada por sonhares e edificares uma Igreja pobre para os pobres e aberta como os braços de Jesus na cruz que a todos nos abraça neste momento de dor.

Obrigada!

Um abraço amigo da Ana e da minha irmandade 🌻

XXXIX Jornada Mundial da Juventude 2024

Mensagem do Papa Francisco

Aqueles que esperam no Senhor, caminham sem se cansar (cf. Is 40,31)

Caros jovens!

No ano passado, começamos a percorrer o caminho da esperança rumo ao Grande Jubileu, refletindo sobre a expressão paulina “Alegres na esperança” (Rm 12, 12). Precisamente para nos prepararmos para a peregrinação jubilar de2025, este ano deixamo-nos inspirar pelo profeta Isaías, que diz: “Os que esperam no Senhor […] caminham sem se cansar” (Is 40, 31). Esta expressão é retirada do chamado Livro da Consolação (Is 40-55), que anuncia o fim do exílio de Israel na Babilônia e o início de uma nova fase de esperança e de renascimento para o povo de Deus, que pode regressar à sua pátria graças a um novo “caminho” que, na história, o Senhor abre aos seus filhos (cf. Is 40, 3).

Também nós vivemos hoje tempos marcados por situações dramáticas que geram desespero e nos impedem de olhar para o futuro com espírito sereno: a tragédia da guerra, as injustiças sociais, as desigualdades, a fome, a exploração do ser humano e da criação. Muitas vezes, quem paga o preço mais alto sois vós, jovens, que sentis a incerteza do futuro e não vislumbrais perspetivas seguras para os vossos sonhos, correndo assim o risco de viver sem esperança, prisioneiros do tédio e da melancolia, por vezes arrastados para a ilusão da transgressão e das realidades destrutivas (cf. Bula Spes non confundit, 12). Por isso, queridos amigos, gostaria que, como aconteceu ao povo de Israel na Babilônia, chegasse também a vós o anúncio da esperança: hoje o Senhor abre diante de vós um caminho e convida-vos a percorrê-lo com alegria e esperança.

1. A peregrinação da vida e os seus desafios

Isaías profetiza um “caminhar sem cansaço”. Reflitamos então sobre estes dois aspetos: o caminhar o cansaço.

A nossa vida é uma peregrinação, uma jornada que nos empurra para além de nós mesmos, um caminho em busca da felicidade; e a vida cristã, em particular, é uma peregrinação em direção a Deus, à nossa salvação e à plenitude de todo o bem. As realizações, as conquistas e os sucessos do caminho, se forem apenas materiais, depois de um primeiro momento de satisfação, deixam-nos ainda com fome, desejosos de um sentido mais profundo; em verdade, não satisfazem completamente a nossa alma, porque fomos criados por Aquele que é infinito e, por isso, em nós habita o desejo de transcendência, a inquietação contínua para a realização de aspirações maiores, para um “algo a mais”. É por isso que, como já vos disse tantas vezes, “olhar a vida da varanda” não é suficiente para vós, jovens.

No entanto, é normal que, apesar de começarmos as nossas jornadas com entusiasmo, mais cedo ou mais tarde comecemos a sentir cansaço. Nalguns casos, o que provoca ansiedade e cansaço interior são as pressões sociais para atingir determinados padrões de sucesso nos estudos, no trabalho e na vida pessoal. Isto produz tristeza, pois vivemos no afã de um ativismo vazio que nos leva a preencher os nossos dias com mil coisas e, apesar disso, a sentir que nunca conseguimos fazer o suficiente e que nunca estamos à altura. Este cansaço é muitas vezes acompanhado pelo tédio. É o estado de apatia e de insatisfação de quem não se põe a caminho, não decide, não escolhe, nunca arrisca e prefere ficar na sua zona de conforto, fechado em si mesmo, vendo e julgando o mundo por detrás de uma tela, sem nunca “sujar as mãos” com os problemas, com os outros, com a vida. Este tipo de cansaço é como um cimento no qual mergulhamos os pés, e que acaba por endurecer, pesar, paralisar e impedir-nos de avançar. Prefiro o cansaço dos que estão a caminho do que o tédio dos que estão parados e não têm vontade de andar!

A solução para o cansaço, paradoxalmente, não é ficar parado para descansar. É, pelo contrário, pôr-se a caminho e tornar-se peregrino da esperança. Este é o convite que vos faço: caminhai na esperança! A esperança vence todo o cansaço, toda a crise e toda a ansiedade, dando-nos uma forte motivação para avançar, porque é um dom que recebemos do próprio Deus: Ele enche o nosso tempo de sentido, ilumina-nos o caminho, indica-nos a direção e a meta da vida. O apóstolo Paulo utilizou a imagem do atleta no estádio, que corre para receber o prémio da vitória (cf. 1 Cor 9, 24). Quem já participou numa competição desportiva – não como espectador, mas como protagonista – conhece bem a força interior que é necessária para chegar à meta. A esperança é precisamente uma força nova, que Deus infunde em nós, que nos permite perseverar na corrida, que nos dá uma “visão de longo alcance”, que ultrapassa as dificuldades do presente e nos orienta para uma meta concreta: a comunhão com Deus e a plenitude da vida eterna. Se há uma bela meta, se a vida não se dirige para o vazio, se nada daquilo que sonho, projeto e realizo se perde, então vale a pena caminhar e suar, suportar os obstáculos e enfrentar o cansaço, porque a recompensa final é maravilhosa!

2. Peregrinos no deserto

Na peregrinação da vida, haverá inevitavelmente desafios a enfrentar. Nos tempos antigos, durante as peregrinações mais longas, era preciso enfrentar as mudanças de estação e de clima; atravessar prados agradáveis e bosques refrescantes, mas também montanhas cobertas de neve e desertos tórridos. Assim, a peregrinação de uma vida e a viagem para um destino longínquo não deixam de ser cansativas também para quem crê, tal como o foi para o povo de Israel a viagem pelo deserto até à Terra Prometida.

Assim é para todos vós. Mesmo para aqueles que receberam o dom da fé, houve momentos felizes em que Deus esteve presente e o sentistes próximo, e outros momentos em que experimentastes o deserto. Pode acontecer que o entusiasmo inicial nos estudos ou no trabalho, ou o impulso para seguir Cristo – tanto no matrimônio, como no sacerdócio ou na vida consagrada – sejam seguidos por momentos de crise, que fazem com que a vida pareça uma difícil caminhada no deserto. Estes momentos de crise, porém, não são tempos perdidos ou inúteis, mas podem revelar-se importantes oportunidades de crescimento. São tempos de purificação da esperança! Com efeito, durante as crises são desfeitas muitas “esperanças” falsas, demasiado pequenas para o nosso coração; são desmascaradas e, assim, ficamos nus diante de nós próprios e das questões fundamentais da vida, para além de qualquer ilusão. E, nesse momento, cada um de nós pode perguntar-se: em que esperanças baseio a minha vida? São esperanças verdadeiras ou são ilusões?

Nestes momentos, o Senhor não nos abandona; aproxima-se com a sua paternidade e dá-nos sempre o pão que revigora as nossas forças e nos põe de novo a caminho. Recordemos que ao povo no deserto deu o maná (cf. Ex 16) e ao profeta Elias, cansado e desanimado, ofereceu duas vezes um pão achatado e água para que pudesse caminhar “quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Horeb, o monte de Deus” (cf. 1 Rs 19, 3-8). Nestas histórias bíblicas, a fé da Igreja viu prefigurações do dom precioso da Eucaristia, verdadeiro maná e verdadeiro viático, que Deus nos dá para nos sustentar no nosso caminho. Como dizia o Beato Carlo Acutis, a Eucaristia é a autoestrada para o céu. Um jovem que fez da Eucaristia o seu compromisso quotidiano mais importante! Assim, intimamente unidos ao Senhor, caminhamos sem nos cansarmos, porque Ele caminha junto a nós (cf. Mt 28,20). Convido-vos a redescobrir o grande dom da Eucaristia!

Nos inevitáveis momentos de cansaço da nossa peregrinação neste mundo, aprendamos então a descansar como Jesus em Jesus. Ele, que recomenda aos discípulos que repousem depois de regressarem da sua missão (cf. Mc 6, 31), reconhece a vossa necessidade de repouso do corpo, de tempo para o lazer, para gozar a companhia dos amigos, para o desporto e até para o sono. Mas há um repouso mais profundo, o repouso da alma, que muitos procuram e poucos encontram, e que só pode ser encontrado em Cristo. Sabei que todo o cansaço interior pode encontrar alívio no Senhor, que vos diz: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu hei de aliviar-vos” (Mt 11, 28). Quando o cansaço do caminho vos pesar, voltai para Jesus, aprendei a descansar n’Ele e a permanecer n’Ele, pois “aqueles que esperam no Senhor […] caminham sem se cansar” (Is 40,31).

3. De turistas a peregrinos

Queridos jovens, o convite que vos faço é para que vos coloqueis a caminho, para descobrir a vida, nas pegadas do amor, em busca do rosto de Deus. Mas o que vos recomendo é o seguinte: não partam como meros turistas, mas como peregrinos. Isto é, que a vossa caminhada não seja apenas uma passagem pelos lugares da vida de forma superficial, sem captar a beleza do que encontrais, sem descobrir o sentido dos caminhos percorridos, captando só breves momentos, experiências fugazes registradas numa selfie. O turista faz isso. O peregrino, pelo contrário, mergulha de alma e coração nos lugares que encontra, fá-los falar, torna-os parte da sua busca de felicidade. A peregrinação jubilar quer, portanto, tornar-se o sinal do caminho interior que todos somos chamados a fazer para chegar ao destino final.

Com estas atitudes, todos nos preparamos para o Ano Jubilar. Espero que para muitos de vós seja possível vir a Roma em peregrinação para atravessar as Portas Santas. Para todos, em todo o caso, haverá a possibilidade de fazer esta peregrinação também nas Igrejas particulares, para redescobrir os numerosos santuários locais que guardam a fé e a piedade do povo santo e fiel de Deus. E faço votos de que esta peregrinação jubilar se torne para cada um de nós “um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, ‘porta’ de salvação” (Bula Spes non confundit, 1). Exorto-vos a vivê-la com três atitudes fundamentais: a ação de graças, para que o vosso coração se abra ao louvor pelos dons recebidos, principalmente o dom da vida; a procura, para que o caminho exprima o desejo constante de procurar o Senhor e de não deixar apagar a sede do coração; e, por fim, o arrependimento, que nos ajuda a olhar para dentro de nós mesmos, a reconhecer os caminhos e as opções erradas que por vezes tomamos e, assim, a poder converter-nos ao Senhor e à luz do seu Evangelho.

4. Peregrinos de esperança para a missão

Deixo-vos mais uma imagem sugestiva para a vossa viagem. Ao chegar à Basílica de São Pedro, em Roma, atravessa-se a praça que está rodeada pela colunata criada pelo grande arquiteto e escultor Gian Lorenzo BerniniA colunata, no seu conjunto, parece um grande abraço: são os dois braços abertos da Igreja, nossa mãe, que acolhe todos os seus filhos! Neste próximo Ano Santo da Esperança, convido-vos a todos a experimentar o abraço do Deus misericordioso, a experimentar o seu perdão, a remissão de todas as nossas “dívidas interiores”, como era tradição nos jubileus bíblicos. E assim, acolhidos por Deus e renascidos n’Ele, também vós vos tornais braços abertos para tantos dos vossos amigos e colegas que precisam de sentir, através do vosso acolhimento, o amor de Deus Pai. Cada um de vós ofereça “ao menos um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito, sabendo que, no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente fecunda de esperança para quem o recebe” (ibid., 18), e assim vos tornareis incansáveis missionários da alegria.

Enquanto caminhamos, levantemos o olhar, com os olhos da fé, para os santos que nos precederam na caminhada, que chegaram à meta e nos dão o seu testemunho encorajador: “Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel. A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz, e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela sua vinda” (2Tm 4,7-8). O exemplo dos homens e das mulheres santos atrai-nos e sustenta-nos.

Coragem! Trago-vos a todos no meu coração e confio o caminho de cada um de vós à Virgem Maria, para que, seguindo o seu exemplo, saibais esperar com paciência e confiança aquilo que esperais, permanecendo no vosso caminho como peregrinos da esperança e do amor.

Ano de Oração

O Papa Francisco deu início, a 21 de janeiro, ao Ano de Oração, um caminho de preparação para o grande Jubileu que iremos celebrar em 2025. Dedicar cada dia deste ano à oração é muito mais do que seguirmos fórmulas e esquemas, muito mais do que cumprirmos planos e orientações.

Um Ano de Oração pode ser a redescoberta de como Deus se faz presente em cada dia da nossa vida. É como uma flor que desponta teimosamente em terra árida. É como uma criança que ri mesmo quando está doente. É como um abraço que se dá quando as palavras perdem força. Um Ano de Oração pode ensinar-nos a viver esta presença tão frágil e tão forte de Deus em nós, na nossa vida, nos nossos caminhos. Um Ano de Oração pode ser um hino à vida e à descoberta da beleza, da relação, da nossa humanidade divina.

Que este Ano de Oração nos prepare o coração para vivermos plenamente a experiência jubilar em 2025. Que este Ano de Oração nos ajude a fazer caminho na Igreja que somos e para a Igreja que queremos ser. Seguimos juntos, com a grande família que somos, neste caminho que é sempre um caminho pascal!

Terá o Papa Francisco lido os nossos textos?

Viagens pela JMJ, Lisboa 2023

Com um sorriso, esta pergunta surgia-nos à medida que ouvíamos as intervenções do Papa Francisco nesta JMJ Lisboa. De facto, quase tudo o que o Papa foi dizendo em jeito de observação, orientação e esclarecimento já por nós foi sendo escrito nas nossas reflexões mensais ao longo destes quase dois anos. É claro que o Papa Francisco não acompanha o nosso site. Como se explica, então, este “plágio” de muitas das nossas reflexões nos seus discursos nesta JMJ? A resposta é muito evidente. Conhecendo e partilhando a mensagem de Jesus Cristo, vivendo conscientemente o Cristianismo, estando atentos ao mundo que nos rodeia, estando disponíveis para o acolhimento e para a presença do Outro nos outros e escolhendo viver cada dia com as suas alegrias e tristezas, os seus desafios e assombros, de facto, só poderíamos usar todos a mesma linguagem, as mesmas palavras, as mesmas afirmações, não importando muito se somos uns simples leigos da vinha do Senhor ou um admirável Papa. Tudo o que o Papa Francisco foi partilhando na JMJ reflete claramente tudo o que nós também já pensamos, vivemos e acreditamos desde há muito tempo. Por isso, que bom sentir que estamos em sintonia! Que felizes somos ao vermos os nossos pensamentos nas palavras do Papa! Que alegria está em nós ao nos reconhecermos plenamente em tudo o que foi partilhado pelo Papa! Para quem anda mais afastado da Igreja, para quem está mais distraído, para quem não conhece o que este Papa vem dizendo há anos, tudo o que ele disse poderá soar a inovação, modernização, mudança de paradigma e até alguma contradição com a ideologia da Igreja. Contudo, tudo o que o Papa foi anunciando na JMJ não é novidade para quem vive a e em Igreja, pois é tudo o que Jesus Cristo já havia dito há mais de dois mil anos. Cabe-nos agora, nos nossos contextos e realidades, atualizar e continuar a praticar o que foi e tem sido dito.

Assim, partilhamos aqui algumas das frases proferidas pelo Papa Francisco durante a JMJ em paralelo com algumas das nossas frases dos textos de reflexão mensal.

Ana

Falar para CRER – 4.º Encontro

Deixamos aqui os registos do quarto encontro “Falar para CRER”, organizado pela paróquia da Matriz em colaboração com a Comunidade Estrada Clara. Este encontro aconteceu no dia 21 de junho e o tema foi “Deus é Amor – o Amor a Deus e o Amor ao próximo”.  Neste quarto encontro, fizemos a leitura trabalhada de um excerto da primeira encíclica do Papa Bento XVI, “Deus caritas est”. O texto falava-nos desta dimensão do Amor de Deus e deste Deus que é Amor e da forma como este Amor é concretizado e concretizável na relação humana e na dimensão comunitária. Em seguida, como já vem sendo habitual, em pequenos grupos, os participantes do encontro foram convidados a refletir acerca de duas questões: onde encontro, na minha vida, este Deus que me ama; como sou eu capaz de responder a este amor de Deus. Por fim, em grande grupo, todos partilharam as suas reflexões.

Nestes encontros, continuamos a refletir acerca da atualidade da mensagem cristã e do modo como é possível dizermos que somos cristãos em todas as circunstâncias da nossa vida. Tem sido um caminho bonito este que temos feito nestes encontros. Há uma variedade interessante de vivências e de experiências, mas que têm culminado num ponto comum e significativo – a necessidade de conhecer mais para amar mais, a vontade de partilhar mais para dar mais, o desejo de escutar mais para anunciar mais.

Recordamos que estes encontros “Falar para CRER” estão sempre abertos a todos os agentes da Pastoral (Catequistas, Jovens, Conselho Paroquial, Leitores, Grupos Corais, etc.) das comunidades paroquiais. Não é necessária inscrição, basta aparecer. O próximo encontro é já esta 4.ª feira! Em jeito de balanço final das atividades pastorais, o tema a tratar irá focar a perspetiva sinodal da Igreja como caminho de construção. Juntem-se a nós.

Próximo Encontro “Falar para CRER” – 12 de julho de 2023 (4.ª feira), das 21h às 22h30, no Salão Paroquial da Matriz (Póvoa de Varzim)

Falar para CRER – 3.º Encontro

Deixamos aqui os registos do terceiro encontro “Falar para CRER”, organizado pela paróquia da Matriz em colaboração com a Comunidade Estrada Clara. Este encontro aconteceu no dia 26 de abril e o tema foi “Maria, mãe de Deus – humanidade e divindade”. Com o propósito de preparamos, em comunidade, o mês mariano, neste terceiro encontro, fizemos a leitura trabalhada de uma homilia do papa Francisco, na qual ele nos apresenta Maria como figura humana e divina e, como tal, um exemplo para cada um de nós que com ela partilhamos a mesma humanidade e a essência divina que nos foi dada por Deus. Em seguida, como já vem sendo habitual, em pequenos grupos, os participantes do encontro foram convidados a refletir acerca de duas questões: de que forma a figura de Maria é, para mim, uma referência na minha caminhada cristã; em termos práticos, quais são as “pressas” que me movem na minha prática cristã. Por fim, em grande grupo, todos partilharam as suas reflexões.

Hoje teremos o quarto encontro “Falar para CRER”. Depois de um interregno de um mês no qual a paróquia esteve dedicada à celebração do mês mariano, regressamos com este espaço de partilha e de reflexão que é o “Falar para CRER”. Nestes encontros, partindo das vivências de cada cristão, refletimos acerca da atualidade da mensagem cristã e pensámo-la na vida concreta do dia-a-dia, fazendo-a acontecer em atitudes, em ações, em projetos. E em comunidade, em partilha, as ideias fluem de um modo mais construtivo e comum e vamos crescendo em conjunto, alicerçados numa fé trabalhada, adulta, esclarecida e, assim, mais próxima de um Deus que nos quer pessoas inteiras e sempre Ressuscitadas!

Os encontros “Falar para CRER” estão sempre abertos a todos os agentes da Pastoral (Catequistas, Jovens, Conselho Pastoral Paroquial, Leitores, Grupos Corais, Confrarias) das comunidades paroquiais. Não é necessária inscrição. 4.º Encontro “Falar para CRER” – 21 de junho de 2023 (4.ª feira), das 21h às 22h30, no Salão Paroquial da Matriz (Póvoa de Varzim)