Bailado “Pedro e Inês”, pela Companhia Nacional de Bailado, com coreografia de Olga Roriz
https://www.rtp.pt/play/palco/p8545/pedro-e-ines
Sugestão de Ana Luísa Marafona
O bailado “Pedro e Inês” é uma das mais belas representações deste amor levado ao esplendor do mito, da lenda e da narrativa dramática. Esta obra da coreógrafa Olga Roriz traz toda a paixão vivida por Pedro e Inês e é dos bailados mais extraordinários a que já assisti. A beleza dos movimentos, a paixão sentida em cada gesto, a intensidade de cada ação, o coração presente em detalhes eloquentes fazem deste bailado um hino à doçura e transportam-nos para um imaginário longínquo e, ao mesmo tempo, tão presente. Tive o enorme privilégio de poder assistir a este bailado já no longínquo ano de 2004 e que agora pode ser visto e revisto na RTP Play.
Este bailado, obra da coreógrafa Olga Roriz, traça a história de amor vivida pelo príncipe D. Pedro e D. Inês, a bela aia. Esta história é já bem conhecida, sendo perspetivada como a história portuguesa de Romeu e Julieta, tal a grandiosidade do amor vivido que só pode ser levado ao seu extremo, isto é, à morte. É a proclamação de um amor, mais forte do que própria morte e que, por esse motivo, parece só encontrar vida numa outra dimensão maior. Esta obra aborda, através da dança e do movimento, os principais momentos da vida destes dois amantes, nomeadamente o contraste entre a Inês viva e a Inês morta, os sonhos e os desejos do casal, a morte de Inês de Castro, o desespero vivido por D. Pedro e o já lendário beija-mão daquela que foi proclamada rainha depois de morta.
No jornal Expresso, a jornalista Cristina Peres refere o seguinte acerca deste bailado: “Os personagens surgem aqui como figuras aprisionadas num destino adverso, mas cujo amor é cantado num dueto de rara beleza à volta e dentro do lago que, na cenografia de João Mendes Ribeiro, reproduz a fonte da Quinta das Lágrimas em Coimbra. (…) O movimento é livre, rápido, envolvente e encantado pela complementaridade dos corpos dos amantes que se perseguem e encontram um lugar e um momento em que o amor é possível.”
Para mim, um dos momentos mais belos e arrepiantes deste bailado acontece com a dança de Pedro e Inês que se movem num espelho de água colocado em palco e que simboliza todo o espaço de encontro. Toda a linguagem corporal se entrelaça com a sensualidade romântica, apaixonada, dramática e teatral que une os dois amantes. É o amor e a grandiosidade dos sentimentos no seu estado mais puro. Vejam este bailado e deixem-se inebriar pelos movimentos, pelo encontro, pelos corpos que dançam o amor e nos levam amar com eles.