Um texto de gratidão. A todos, por todos e para todos. O que vivemos esta semana contrastou com as intempéries climatéricas que têm assolado o nosso país. Enquanto no exterior temos enfrentado vento e chuva, no interior da nossa Comunidade fomos alegria e partilha. Como tantas vezes temos dito, este contraste não acontece por acaso. Uma vida com significado não é uma vida ao acaso, ela acontece para ser olhada e acontecida em nós e assim assumida na sua totalidade. Numa semana de memórias e de saudade, de percalços e de ausências, escolhemos não habitar nessa zona de perda e dar o salto, simultaneamente confiante e imprevisível, que nos leva ao outro lado, ao espaço da alegria, da dor que é trabalhada para dar fruto, da comunhão de vida com quem connosco caminha.
No dia 1 de novembro, lembramos a vida do Jorge nas nossas vidas numa festa que, para nós cristãos, é a maior de todas – a Eucaristia. A festa que o Jorge gostaria que lhe fizéssemos! A festa do encontro, da partilha, das palavras cantadas, da música tocada, dos abraços e dos braços no ar, na igreja que foi o seu coração durante a sua vida toda. Este é nosso lugar de pertença, de crescimento, de doação. “Esta é a geração dos que procuram a vossa face, Senhor”, cantávamos nesse dia no salmo, uma das mais belas músicas feitas pelo Jorge. Esta geração somos nós, os que seguimos. Aceitando os obstáculos e dando as mãos para os enfrentar, cantando e rindo quando tantas vezes as lágrimas nos caem. Que alegria sermos esta geração que caminha em comunidade, tal como sempre foi o desejo do Jorge!
Na quinta-feira, celebramos o 2.º aniversário do “Encontro em TI”, a nossa oração comunitária mensal na Igreja Matriz. Um sonho nosso antigo, este o de levar a nossa forma de orar para a comunidade e, assim, rezarmos juntos com a música, as palavras, o silêncio. No final, levamos esta partilha para a volta da mesa com quem, numa noite ventosa, se juntou a nós. E que convívio tão genuíno, tão simples e tão agradável, como é tudo aquilo que verdadeiramente importa!
Este é um texto de profunda gratidão. Como diria o Jorge, esta semana foi “uma riqueza”! Obrigada a vós que caminhais connosco nesta Estrada Clara! Seguimos juntos!
Deixamos aqui registados os testemunhos de alguns elementos da Formação Cristã de Adultos 2022/2023, que fizeram connosco este percurso de educação e de partilha na fé. De outubro de 2022 a junho de 2023, às sextas-feiras, das 21h30 às 23h, na paróquia da Matriz (Póvoa de Varzim), estes jovens adultos fizeram o seu percurso na descoberta de um Deus que está sempre disponível para quem o quer acolher, construindo assim o início de uma fé adulta, pensada e experimentada, concreta, vivida em ações, participada no quotidiano e celebrada sempre em comunidade. Com estes testemunhos verdadeiros e genuínos, queremos partilhar convosco a alegria que é para nós, Comunidade Estrada Clara, sabermos que este desejo de Deus tão próprio do ser humano está e continua presente em quem O procura e nós, Comunidade, somos infinitamente mais felizes por podermos proporcionar este tempo e este espaço de partilha, de descoberta e de interiorização. Um bem-haja a todos vós, queridos formandos!
É muito simples de explicar o laço forte criado entre adultos que em Outubro não se conheciam e teriam muitas outras coisas a fazer nas suas noites de sexta: a Comunidade Estrada Clara proporcionou-nos um belo espaço de formação, reflexão e debate, ora sobre os profetas do Antigo Testamento, ora sobre as parábolas de Jesus, para além de temas abertos que nos mostram como ser cristão na sociedade moderna.
Toda a dedicação e profissionalismo da Ana, da Beatriz, da Sofia e do Carlos, ao que se iam juntando as intervenções dos próprios participantes, fizeram destes momentos um agradável espaço de aprendizagem cristã, bem longe da memorização de fórmulas que as pessoas possam associar a qualquer catequese menos conseguida.
Uma iniciativa assim fazia e faz muita falta e espero que, como o pequenino grão de mostarda, seja espalhado por várias gerações e por muitos outros lugares e ajude a robustecer os nossos tecidos sociais que por vezes nos parecem irremediavelmente fragmentados. São um soberbo exemplo das comunidades criativas que Bento XVI imaginou como o futuro do cristianismo no novo século.
Obrigado por tudo!
Toda a minha vida procurei por mim, pois tive momentos em que duvidei de mim própria. Momentos altos e baixos. Momentos em que perdi tanto, momentos em que a vida me presenteou com algo surpreendente. No fundo do meu coração eu sabia que Deus estaria a olhar para mim, pois só assim consegui superar os momentos mais difíceis. Ainda hoje não sei onde consegui forças para ultrapassar os desafios. Quando me foi dada a oportunidade de participar da formação cristã para adultos, não pensei duas vezes, tinha chegado o momento de entrega que há muito eu queria. Foram momentos fantásticos que passei na companhia deste grupo fantástico, aliás encontrei-me e finalmente posso dizer que encontrei a minha segunda casa, agora que fui descobrindo que ser cristão é muito mais do que eu pensava, afinal não basta dizer “sou cristão”. Quero continuar a participar desta comunidade de forma direta, pois apesar de tudo ainda tenho muito para aprender e quero muito continuar a aprender. Obrigada a todos vocês que estiveram presentes nesta jornada!
Adorei frequentar esta formação, sem dúvida recomendo esta experiência! Para além de aprendermos bem mais sobre a igreja, Deus, Jesus e enriquecermos o nosso conhecimento como cristãos, também desenvolvemos um espírito crítico e percebemos que, mesmo nós cristãos, temos o direito de questionar certas coisas e entender o real motivo por detrás delas. Esta formação retira todo o tipo de tabus ou ideias fixas das quais a sociedade está normalmente repleta, a igreja não é um sítio para velhos e é muito mais do que uma simples missa. O facto de cada vez mais jovens se interessarem por atividades na igreja, desde o canto às leituras, mostra que a Igreja é meramente um sítio onde nos sentimos em casa, onde nos sentimos acolhidos, pois todos que lá frequentam acreditam no mesmo. Esta experiência fez- me abrir os olhos para quebrar essas ideias e entender muitas coisas que tinha curiosidade! Adorei o formato das formações onde muitas vezes discutíamos assuntos comuns da sociedade e bastante interessantes! Para quem tiver um bichinho de curiosidade e quiser aprofundar a sua fé, recomendo definitivamente!
Se hoje estamos casados pela Igreja, a vós, Ana Luísa, Beatriz e Paróquia da Matriz o devemos e humildemente agradecemos, pois sem este projeto da Formação Cristã de Adultos Online, a vossa dedicação e entrega, tal não seria possível! Para mim, Márcio, foi ainda mais especial, pois recebi três Sacramentos no mesmo dia: o Batismo, a Eucaristia e o Crisma. Eu, Verónica, recebi o Crisma. O nosso casamento realizou-se dias depois. Foram partilhas, o conhecimento da vida, morte e ressurreição de Jesus, dos Apóstolos que o acompanharam e o amor misericordioso de seu, nosso Deus Pai. Ficamos sensibilizados com as Parábolas presentes na Bíblia que são exemplos e ensinamentos em fazer o bem, sempre e para todos. Um gigantesco OBRIGADO!
O meu percurso na Formação Cristã de Adultos foi fantástico!! No dia em que me inscrevi era só para poder ser madrinha! Pensei que seria algo breve e rápido!!! Mas quando se iniciou a formação, logo percebi, no primeiro dia, que não seria só uma simples formação! Pelas pessoas fantásticas que ali conheci percebi que seria uma formação diferente!! Um dos meus sonhos desde pequena era saber pegar na Bíblia e entender o que estaria a ler! E a Ana, a Beatriz, a Sofia e o Carlos ajudaram-me a interpretar a Bíblia e muitas mais coisas diria! As amizades que ali construí, pessoas fantásticas! Poderia estar a escrever sem fim que não iria terminar de tão bom que foi e as tantas coisas boas que aprendi e que me fizeram ser uma pessoa diferente, uma pessoa melhor.(atenta aos sonhos de Deus.) Mas há um ponto negativo: o facto de ter terminado…
“Tu és fonte de Vida, Tu és fogo, Tu és amor, vem Espírito Santo, vem Espírito…”
“Confirmai-nos, Senhor, no vosso Espírito”
“- Rute, recebe por este sinal, o Espírito Santo, o Dom de Deus.”
“- A paz esteja contigo.”
Para mim, uma das mais belas palavras, uma das mais belas frases deste lindo dia. Em família e em Comunidade em paz, com ternura e alegria, na minha fé Cristã consciente e madura com vontade de nela continuar a caminhar assim a confirmei e o meu a Deus também. Fé, a chama serena mas firme que vive em mim sem cessar e que me faz acreditar num hoje, num amanhã melhor. Deus vive em mim, Nele confio, creio e tudo entrego! Jesus Cristo que por amor e por todos nós se entregou para nos salvar. Assim, também, com amor e por amor a Ele, com honra, fielmente vivo e transmito os seus belos ensinamentos sempre genuinamente, fazer o bem. Mas que bela e enriquecedora experiência esta a da Formação Cristã de Adultos. A que me fez docemente percorrer no túnel do tempo reviver e, igualmente confirmar os ensinamentos de Deus que outrora foram transmitidos. Feliz daquele (es) que com amor e por amor a Deus em Comunidade, ao ser-se Igreja e de forma voluntária partilham os seus dons. Juntos, na exploração da Bíblia e na reflexão das belas Parábolas que Jesus Cristo contava igualmente reforçam que é na simplicidade dos nossos nobres atos do dia-a-dia, de uns para com os outros de quem se dá e dá aos que mais precisam serão sempre os que mais recebem. Deus é Amor por isso, devemos assim, viver com encantamento pela vida. Devemos sempre, verdadeiramente acolher os demais para também sermos acolhidos. Devemos encorajar, respeitar, confiar, perdoar, amar, partilhar e multiplicar o amor, o amor e a misericórdia de Deus. Devemos também sempre, fazer ao outro o que gostaríamos que a nós, a mim, assim o fizessem pois, essa é a mensagem: o Amor, sempre o Amor, o amor ao Amor ao Próximo, o Amor a Deus. Neste ano, (e sempre) em que ” Há pressa no ar”, de mãos dadas e braços e abraços abertos unidos devemos continuar nesta linda caminhada de vida de Fé, de partilha e de Esperança. Porque “ninguém é Cristão sozinho” e “onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração”, na graça de Deus sê feliz e, faz os outros felizes também. Aos meus queridos e estimados irmãos da nossa Grande Família e de Fé : Ana Luísa, Beatriz, Sofia, Carlos, a todos os que frequentaram a Formação Cristã de Adultos e também ao nosso querido e estimado Prior P.e Avelino, um gigantesco abraço fraterno.
A Igreja vive um tempo único e excecional de sinodalidade. Como povo que caminha, vamos todos, todos, todos em busca de um sentido de comunhão, de irmandade, de acolhimento, de construção de um caminho que só pode ser feito em conjunto através do diálogo, da partilha, da reconciliação, da união. De 4 a 29 de outubro, e depois de um caminho de três anos nas dioceses dos cinco continentes, decorrem os trabalhos da XVI Assembleia Geral Ordinária dos Bispos sobre o tema: “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Neste tempo de reflexão, unidos com a estrutura pensante e orante da Igreja, rezemos juntos, com esperança e gratidão, por este caminho sinodal para que possa fazer da Igreja que somos uma comunidade de escuta, um espaço de cuidado, um lugar de Vida com todas as vidas.
Esta necessidade de oração comunitária fez com que o Papa Francisco anunciasse a realização de uma Vigília Ecuménica de Oração que tem lugar hoje, 30 de setembro, em Roma, na Praça de São Pedro. Esta vigília integra-se no evento “Together – Encontro do Povo de Deus”, presidido pelo Papa Francisco, e conta com a presença de líderes das Igrejas Ortodoxa, Protestante e Evangélica. Ao lado do Papa Francisco, estarão representantes ecuménicos, cardeais e jovens de vários países e de diferentes confissões. Como disse o Papa aquando do anúncio deste evento, esta vigília faz parte de um processo sinodal e ecuménico: “O caminho para a unidade dos cristãos e o caminho de conversão sinodal da Igreja estão ligados”. Esta vigília será orientada pela Comunidade de Taizé e evoca o Tempo da Criação, numa celebração de gratidão pelo dom da unidade, pelo caminho sinodal e pelo dom da paz. Com momentos de silêncio, de escuta da Palavra de Deus, de cânticos e de preces, esta vigília é uma oportunidade para juntos vivermos esta tão desejada unidade eclesial e sentirmos que é em comunidade que melhor experimentamos a presença de um Deus que nos ama e se faz presente. A vigília ecuménica de oração vai ser transmitida em direto pelos canais do Vatican Media. Das 16h30 às 18h00, é transmitido o programa que antecede a Vigília e, das 18h00 às 19h00, a oração presidida pelo Papa Francisco.
Com um sorriso, esta pergunta surgia-nos à medida que ouvíamos as intervenções do Papa Francisco nesta JMJ Lisboa. De facto, quase tudo o que o Papa foi dizendo em jeito de observação, orientação e esclarecimento já por nós foi sendo escrito nas nossas reflexões mensais ao longo destes quase dois anos. É claro que o Papa Francisco não acompanha o nosso site. Como se explica, então, este “plágio” de muitas das nossas reflexões nos seus discursos nesta JMJ? A resposta é muito evidente. Conhecendo e partilhando a mensagem de Jesus Cristo, vivendo conscientemente o Cristianismo, estando atentos ao mundo que nos rodeia, estando disponíveis para o acolhimento e para a presença do Outro nos outros e escolhendo viver cada dia com as suas alegrias e tristezas, os seus desafios e assombros, de facto, só poderíamos usar todos a mesma linguagem, as mesmas palavras, as mesmas afirmações, não importando muito se somos uns simples leigos da vinha do Senhor ou um admirável Papa. Tudo o que o Papa Francisco foi partilhando na JMJ reflete claramente tudo o que nós também já pensamos, vivemos e acreditamos desde há muito tempo. Por isso, que bom sentir que estamos em sintonia! Que felizes somos ao vermos os nossos pensamentos nas palavras do Papa! Que alegria está em nós ao nos reconhecermos plenamente em tudo o que foi partilhado pelo Papa! Para quem anda mais afastado da Igreja, para quem está mais distraído, para quem não conhece o que este Papa vem dizendo há anos, tudo o que ele disse poderá soar a inovação, modernização, mudança de paradigma e até alguma contradição com a ideologia da Igreja. Contudo, tudo o que o Papa foi anunciando na JMJ não é novidade para quem vive a e em Igreja, pois é tudo o que Jesus Cristo já havia dito há mais de dois mil anos. Cabe-nos agora, nos nossos contextos e realidades, atualizar e continuar a praticar o que foi e tem sido dito.
Assim, partilhamos aqui algumas das frases proferidas pelo Papa Francisco durante a JMJ em paralelo com algumas das nossas frases dos textos de reflexão mensal.
As JMJs são música e canções. Por Lisboa, espalharam-se palcos onde muitos grupos cristãos levaram as suas melodias, testemunhando a fé através da arte. E o hino destas JMJ cantado a tantas vozes, com as palavras e a música perfeitas, motivando cada um a partir ao encontro da VIDA.
Nesta dimensão musical da JMJ, partilho aqui dois momentos especiais, que foram para nós sinais da certeza de que o Amor que vivemos nesta dimensão terrena é eterno.
Na cerimónia de acolhimento ao Papa, quando os símbolos das JMJ eram levados ao palco, o @tiagobettencourt cantou a “Viagem”. Uma canção poderosa, de caminho, de aceitação das partidas, de esperança de reencontros numa voz com sabor a casa. Um hino à eternidade! E nada é um acaso! Dias antes, publicávamos, como de costume no nosso site, o texto da reflexão mensal. Eu já tinha um texto meu preparado, mas algo me lembrou que o Jorge tinha escrito, já em 2008, um texto intitulado “Viagem” sobre o simbolismo da viagem que é a Vida. Uma vez que dali a dias partiríamos para Lisboa, entendi ser uma recordação bonita colocar as palavras dele a acompanharem-nos no caminho. E assim foi! Por isso, quando dias depois ouvimos esta canção “Viagem” naquele ambiente de luz, logo os nossos corações se encheram de comoção pois acreditamos que as nossas energias se ligam e se fundem e a presença de quem amamos faz-se sempre inexplicavelmente presente e continua viva em nós.
Na vigília com o Papa, ninguém ficou indiferente quando a doce @carminho cantou “Estrela”. Quando a vimos naquele palco magistral, numa noite tão cheia e tão serena, o nosso coração voltou a encher-se de alegria, aquela alegria que só brota de quem entende que a vida acontece nestes detalhes aparentemente insignificantes, mas que são tudo. E isto porque esta música “Estrela” tem sido a nossa companhia nestes dois últimos anos no “Encontro em TI”, o nosso momento de oração mensal na Igreja da nossa paróquia, esse que foi um projeto antigo e muito desejado pelo Jorge.
A música. Nós. A vida a dar-nos sinais. E ele, com Ele, a falar-nos através das músicas. E sempre connosco, a olhar-nos. Que felizes somos!
A experiência das JMJ vai além da viagem, dos workshops, das celebrações, do Papa, do hino, dos locais. Viver as JMJ é fazer a experiência da vida em comunidade, do que é estar com os nossos irmãos noite e dia, aprendendo a conhecer os seus silêncios e gargalhadas, a entender pedidos e escolhas, a oferecer-lhes caminhos novos e lugares de acolhimento. É por isso que a participação nas JMJ tem de ser feita em grupo, uns com os outros. Tudo o que as JMJ nos possibilitam viver é agigantado quando é vivido em comunidade. A vida torna-se sempre maior quando é partilhada e a experiência nas JMJ é prova disto. Um workshop em que participo é sempre mais interessante quando a ele assisto com o meu grupo. A experiência na vigília do fim de semana é inesquecível porque a vivo com os meus amigos que não me deixam sucumbir ao calor e ao cansaço e me fazem cantar mais, rir mais, abraçar mais.
Para nós, estas JMJ foram diferentes do habitual. Pela primeira vez, fomos sem estarmos responsáveis por um grupo de jovens e sem ficarmos alojados em casas de família ou escolas. Nuclearmente, formamos um grupo de cinco elementos que, mais tarde, passou a comunidade de oito. E foi, genuinamente, a concretização do viver em comunidade, em partilha, em oração, em caminho. E ser e estar em Igreja significa isto mesmo! Cada um de nós vive o que acredita, vive a sua relação pessoal com Deus, mas esta dimensão só se torna plena e verdadeiramente revolucionária e impactante quando é partilhada e vivida em comunidade. As alegrias e as tristezas, os avanços e as quedas, as perguntas e as respostas só se tornam verdadeiramente VIDA quando são vividas com os outros num caminho que é feito e construído para nos levar ao Outro que é Tudo com TODOS em nós. Foi isto que vivemos em Lisboa. E quão maravilhosa foi esta nossa partilha em comunidade! Com tempo e disponibilidade para estar, sentir, rir, conversar, observar. Com atenção e dedicação para sermos mais pessoas e possibilitar a este pequeno grupo a riqueza que é a vida que nós temos e escolhemos em nossa casa, a vida em comunidade.
Tanto para guardar no coração e trazer para a vida, inteira e única. Começo pela beleza da arte vivida naquele palco e assumida por cada um que assistiu àquela celebração. Quando a Via-sacra começou, já nós havíamos iniciado o nosso caminho de regresso a casa (por questões pastorais, não pudemos ficar o resto dos dias em Lisboa). Foi uma experiência diferente, esta a de ouvir a celebração através do rádio e, assim, imaginando o que estaria a acontecer naquele espaço onde poucas horas antes tínhamos estado. Depois, em casa, vendo na televisão, confirmamos que aquilo que imagináramos ser maravilhoso, era realmente grandioso e impactante.
Nesta Via-Sacra, nada houve que brilhasse por si só. Tudo foi um só porque todos, com todos e por todos, souberam ser luz, presença, comunidade, ação, movimento, entrega. O coro e a orquestra uniram magistralmente todos os momentos, numa suavidade constante e coerente. E aquele doce cântico de Taizé a fazer de forma tão sentida e marcada a passagem das estações. Os magníficos bailarinos do Ensemble 23 foram o tudo em corpo e em alma: irmandade, alegria e dor, caminho, dúvidas e certezas, emoção e, acima de tudo, testemunho. Um testemunho de tudo aquilo que é vivido por cada um de nós, nas nossas circunstâncias, no nosso quotidiano simultaneamente diferente e comum. Toda a encenação da sensibilidade de @matildetrocado foi arte de vida, comunicação de luz, busca sentida de um futuro comum. Os delicados desenhos do pe @nunosj foram caminhos de autenticidade transformadora, impactantes no momento certo, poderosos na mensagem a anunciar, genuínos memoriais daquela vida que não tem fim. Os textos do pe Nuno Tovar de Lemos foram todas as nossas palavras, anseios, perguntas, raízes. E o silêncio. Sempre o silêncio. O silêncio avassalador e, ao mesmo tempo, tão sereno que aquele sem fim de peregrinos foi capaz de fazer porque soube sentir toda a beleza, a harmonia, a conversão. Esta Via-sacra não foi uma mera lembrança emotiva da condenação e morte de Jesus. Esta Via-sacra foi a arte a servir-se da vida toda e toda a vida em forma de arte.
Aos pouquinhos, como se estivesse a regressar de uma outra dimensão, vou começando a rever as fotografias que tiramos, vou recolhendo testemunhos dos que viveram esta experiência das JMJ, vou ouvindo em loop a avassaladora “Viagem” do @tiagobettencourt , vou lendo os discursos impactantes do Papa, vou assistindo, em emoção intensa, às gravações das diferentes cerimónias na televisão e anotando todos os detalhes. E assim nestes dias pós-jornadas vou serenando o espírito, fazendo o silêncio necessário para discernir o que é importante, guardando as emoções no sítio certo e da forma correta, ouvindo o que o coração me traz para encontrar as palavras luminosas que possam exprimir, com fidelidade e generosidade, o que estes dias das pré-jornadas e das Jornadas nos ofereceram.
Enquanto estava neste quase recolhimento espiritual, alguém partilhou comigo esta poderosa fotografia e a sua história, que mais não é do que a concretização perfeita do que o Papa Francisco havia dito uns dias antes. Estamos TODOS! E só é possível estarmos TODOS quando TODOS estão. Esta imagem é fortíssima! Comoveu-me profundamente não só a força destes braços amigos que suportam e elevam o jovem Lourenço, mas sobretudo a alegria genuína e gigante deste jovem, um sinal forte da vida e da eternidade que todos nós carregamos. A tal alegria que não é fútil nem acaba quando tem as suas raízes bem alicerçadas no Amor. A alegria que nos traz o Amor destes amigos que nos erguem para lá dos nossos limites e que nos fazem do tamanho do Universo.
Esta ideia da alegria e da necessidade de viver a alegria como tão bem reforçou o nosso Papa trouxe-me à memória um texto do nosso querido Vergílio Ferreira que uma vez utilizamos nuns exercícios de dramatização numa das atividades com os nossos grupos de adolescentes:
“Não te queixes. Os outros têm já tanto de quê. Não fales de coisas tristes. Os outros têm já tanto que chegue. Não fales em solidão. Todos os outros estão tão sós. Fala de alegria, da força, de tudo o que nos instaure em imortalidade. Assenta de uma vez que o homem é imortal.”
A Beatriz escreveu um breve testemunho sobre sua participação nas Jornadas Mundiais da Juventude. As que se vão realizar em Lisboa serão as suas sextas Jornadas. E que caminho bonito foi este que a Beatriz foi fazendo ao longo destas Jornadas.
Santiago de Compostela (1989)
Fui pela primeira vez às Jornadas em 1989, em Santiago de Compostela. Ainda estava tudo a começar sendo que estas foram as quartas Jornadas a acontecer, e apenas as segundas fora de Roma. Estas Jornadas em Santiago duraram apenas um fim de semana, de 18 a 20 de agosto, e nela participaram 600 000 pessoas.
Lembro-me que o acolhimento ao Papa João Paulo II foi feito na praça em frente à Catedral. Nós ficamos alojados num colégio, e lembro-me de encarar tudo como um acampamento de fim de semana, tendo até levado um fogão de campanha, pequenino, onde cozinhamos a refeição mais simples que se possa imaginar: arroz branco com rodelas de chouriça … Ainda não existiam as senhas para as refeições, nem locais onde as ir levantar. Na altura não tinha grande noção do evento em que estava a participar. Fui com o grupo da paróquia do qual fazia parte na altura, andei com o grupo, subi ao monte do Gozo com o grupo e descemos, logo de seguida, em virtude de algumas pessoas do grupo sofrerem de problemas respiratórios e as condições no monte serem demasiado adversas para elas: muita terra no chão (onde é o lugar dela), mas também no ar e principalmente nas pessoas! Nada que me espante agora, após 5 Jornadas, mas, na altura, ia com um grupo e acompanhei-o sempre. Portanto, a noite da vigília com o Papa foi passada no Colégio, com muita ressonadela por parte das ditas pessoas com problemas respiratórios que trouxeram a terra do monte Gozo nos seus narizes… Uns anos depois, numa viagem a Santiago de Compostela, um dos artigos à venda nas lojas para turistas era um saquinho com terra do monte do Gozo …!!!
Assim sendo, no domingo, assistimos à missa pela televisão, e mal os peregrinos portugueses que haviam pernoitado no monte chegaram, o autocarro partiu de regresso a casa …. Dentro vinham pessoas muito lavadas e pessoas completamente negras de pó! Foram uma Jornadas sui generis, mas ficou qualquer coisa.
Paris (1997)
As minhas segundas Jornadas foram em Paris, em 1997. Tinha acabado de sair de uma situação profissional e estava “entre empregos”. E o que faz uma pessoa que está à procura de trabalho? … Inscreve-se nas Jornadas, claro! Fomos um pequeno grupo de quatro pessoas: eu, a minha irmã, e dois amigos. Inscrevemo-nos através da Comunidade Emanuel, e isso foi um acaso feliz, que influenciou muito do caminho que fizemos depois. A Comunidade Emanuel tinha, e tem, por costume realizar umas pré-Jornadas, habitualmente em Paray le Monial. Foi a primeira vez que lá fui e fiquei maravilhada. Paray é a cidade onde o Sagrado Coração de Jesus apareceu a Santa Margarida Maria, e toda a cidade vive em torno desse acontecimento. Tem uma Basílica lindíssima, e uns prados onde a Comunidade Emanuel realiza diversos encontros: para adolescentes, para jovens, para adultos, para casais, para sacerdotes … As pré-jornadas decorrem ao longo de quase uma semana, com oração, concertos, workshops, adoração e, principalmente, muita animação musical. Paray funciona como ponto de encontro, nas Jornadas, para os diversos núcleos da Comunidade Emanuel espalhados por França e, no final da semana, todos se dirigem, em caravana, para Paris.
Em Paris, ficamos alojados numa família francesa, que nos acolheu com muito carinho, cedeu-nos o quarto dos filhos e, todas as noites, esperavam por nós para uma pequena conversa antes de dormirmos. Tenho recordações de muita gente (na celebração final estavam 1 200 000 pessoas), muitas bandeiras, muitos espetáculos, muitas caminhadas, muita alegria e muitos sorrisos. A celebração final foi no Hipódromo de Longchamp, na qual participamos e da qual regressamos entusiasmados pelo convite do papa João Paulo II a não termos medo de ser “os santos do novo milénio”.
Roma (2000)
A experiência foi tão boa que entusiasmei outros amigos a participarem nas Jornadas de Roma, no ano 2000, de novo com a Comunidade Emanuel, para poder regressar a Paray e repetir a experiência da internacionalidade e comunidade das Jornadas. Estas Jornadas coincidiram com o Jubileu, que incluía a passagem pela Porta Santa na Basílica de São Pedro. Lembro-me da fila interminável para lá chegar e da frustração acompanhada por muito riso, quando a fila em que íamos passou, não pela porta principal, mas por uma ao lado… Roma ficou-me no coração como uma cidade lindíssima, onde em qualquer rua ou esquina encontrávamos lugares que valia a pena visitar. Ficamos alojados numa paróquia que nos acolheu com muito carinho, com um pároco que acompanhava a celebração da Eucaristia à guitarra, e que nos acompanhou todo o caminho para Tor Vergata a tocar, acompanhado pelos cânticos dos jovens paroquianos. Estiveram presentes 2 000 000 pessoas na vigília. Lembro-me do calor e do regresso a casa com regadelas por parte das pessoas nas casas por onde passávamos, e da oferta de fatias de melancia para refrescar. Ficou a alegria e o carinho do povo italiano.
Colónia (2005)
Em 2005 decidimos ir a Colónia com os nossos jovens, ainda através da Comunidade Emanuel, mas agora com transporte próprio. Fizemos mais uma vez as pré-jornadas em Paray, cidade que me ficou no coração desde as Jornadas de Paris, e depois seguimos para Colónia em caravana com os grupos da Comunidade Emanuel.
A Alemanha foi uma surpresa muito agradável para mim. Tinha uma ideia de os alemães serem pessoas rígidas e pouco empáticas, e foi com muito agrado que vi o seu perfeito oposto. Ficámos alojados em Bergheim, em casas de famílias, que nos acolheram com muito carinho. Partilharam algumas refeições connosco e vi o que agora é comum em Portugal, mas não o era na altura: fazerem encomenda de gelado para entregar em casa no final da refeição … Onde estava a Glovo, Ubereats e outras que tal na altura! Colónia revelou-se uma cidade lindíssima, os polícias (com muitos metros de altura) muito atenciosos, a catedral maravilhosa e um povo muito acolhedor. Durante esta Jornada, participamos em vários eventos, visitamos lugares maravilhosos e vivemos cada experiência em comunidade. Foi uma Jornada em que muitos dos elementos do nosso grupo descobriram a sua veia mais artística, pois formou-se um grupo de animação de Metros e comboios, sempre pronto a atuar com cantos e danças! Mas também disponíveis para bater palmas a quem o fizer. A vigília foi em Marienfeld, já com o papa recém-eleito Bento XVI, onde participaram 1 200 000 pessoas. Estas Jornadas ficaram marcadas pela presença de dois Papas, João Paulo II recentemente falecido, e Bento XVI. Havia imagens dos dois Papas espalhadas por toda a cidade. Foi uma Jornada com dois Papas!
Madrid (2011)
Seis anos depois decidimos repetir a experiência, nas Jornadas de Madrid, em 2011, mais uma vez com autocarro próprio e com o nosso grupo de adolescentes e ainda com a Comunidade Emanuel. As pré-jornadas em que participamos foram em Toledo, apesar de também haver em Paray, por uma questão de logística. Toledo é uma cidade linda e tivemos a oportunidade de visitar a cidade antiga e de participar em inúmeras atividades.
Seguimos para Madrid e tivemos a sorte de ficar alojados num colégio mesmo no centro da cidade. Mais uma vez muitas pessoas, muitas bandeiras, muitas línguas, muitos sorrisos, muita alegria e muito calor! Passeamos, visitamos Museus, participamos em atividades das Jornadas, descansamos, rimos e cantamos. A vigília foi no aeroporto de Cuatro Vientos com o papa Bento XVI. Participaram 2 000 000 de pessoas. Foi uma vigília diferente das anteriores, muito molhada e ventosa, mas passada entre risos, gritos e muita agitação. Fiquei comovida com a preocupação que o Papa mostrou com os peregrinos, no dia seguinte, mal chegou ao local.
E assim considerei a minha participação nas Jornadas terminada. Fiquei de coração cheio com a experiência vivida, com a união na multiculturalidade, com o conhecimento de tantos países e de tantas pessoas, línguas, culturas, com a presença forte e atual da Igreja no mundo, com os sorrisos e abraços trocados … Gostei muito de ter participado, mas entendo que seja para a juventude, como o nome indica, por muitos e variados motivos, sendo um dos quais a disponibilidade para encarar alegremente, com generosidade e espírito aberto todas as situações que acompanham a Jornada em si: a deslocação para o país, o alojamento, a alimentação, a massa humana presente em todos os locais e a vigília no fim de semana de encerramento das Jornadas.
Gostei? Muito! Quero repetir? …….!
Então por que motivo vou à minha sexta Jornada?
Passo a explicar: temos um jovem amigo que se juntou ao nosso grupo há dois anos e nunca participou nas Jornadas!!!!! Com 25 anos!!! Não pode ser!!! Depois soubemos que outro nosso amigo também iria pela primeira vez. E como eu sou uma pessoa de comunidade…. Então decidimos ir!… De espírito aberto, com generosidade, alegremente, e com intenção de rirmos muito, de nós, dos outros e com os outros! Além disso, ainda me faltava uma Jornada com o Papa Francisco para encerrar a minha participação. E há um espírito de alegria, de entusiasmo, de movimento que só se sente nas Jornadas. Afinal, tenho muitos motivos para ir! E assim vou! Vamos! Apressadamente como Maria! Ou pelo menos o mais apressadamente que a minha provecta idade permitir!!!!!!
*Celebração do Batismo e da Confirmação de Adultos – 2 de julho de 2023 – Igreja Matriz da Póvoa de Varzim*
O segundo grupo deste segundo ano de Formação Cristã de Adultos, promovida pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Matriz) em parceria com a Comunidade Estrada Clara, culminou com a celebração do Crisma pelo Bispo Dom Delfim Gomes no dia 2 de julho de 2023, na nossa Igreja Matriz. Recordamos, com imensa alegria e muita gratidão, esse dia festivo em que os nossos doze crismandos (a Fátima, a Inês, a Joana, a Joana, a Letícia, da Letícia, o Márcio, o Pedro, o Ricardo, a Rute, a Telma e a Verónica) receberam o Espírito Santo e foram fortalecidos com os seus dons. Lembramos também o percurso particular do Márcio e da Telma que, escolhendo, numa idade adulta, assumir uma vida cristã, receberam os sacramentos do Batismo e da Eucaristia. Foi uma celebração comunitária de fé, de ação de graças e de louvor por este caminho percorrido e pela descoberta de um Deus que nos ama e que nos quer sempre a caminho com Ele e com os nossos irmãos. Que este tenha sido o dia primeiro de um percurso numa fé adulta, consciente, pensada e experimentada, questionada e trabalhada sempre numa dimensão comunitária. Um bem-haja a todo este grupo pelos momentos de partilha, de reflexão e de conhecimento e pela certeza que nos dão de que viver em Deus é, essencialmente, um viver com e para os outros. A nossa eterna gratidão ao nosso pároco e companheiro de caminho, pe Avelino Castro, por este desafio de podermos ser testemunhas de Luz e de Vida. E a nossa alegria tornou-se completa e plena com a presença amável, irmã e acolhedora do nosso Bispo, Dom Delfim Gomes, neste dia em que a Igreja se torna mais Igreja, em que confirmamos que somos Cristãos sempre em comunidade e nunca sozinhos.